A Comissão Europeia chama-lhe «um dos maiores desafios sociais e económicos para as sociedades europeias no século XXI» e não está a exagerar. Dada a magnitude do problema, estará, porventura, até a poupar nas palavras. Senão vejamos: ao longo dos próximos 50 anos, estima-se que o número de pessoas com mais de 65 anos irá duplicar na Europa. Se hoje existem, em média, 4,4 pessoas em idade ativa por cada pessoa com 65 ou mais, esse valor será de apenas 2,1 em 2050 – caso a trajetória atual se mantenha.
Estas transformações terão impactos inevitáveis nos nossos sistemas de saúde e segurança social, concebidos num momento histórico onde as perspectivas demográficas eram substancialmente diferentes. Isto equivale a dizer que, se nada for feito, alguns dos pilares fundamentais do Estado Social europeu podem tornar-se insustentáveis a médio prazo.
Ao mesmo tempo, conhecemos os benefícios do exercício físico ao nível da redução do risco das doenças não transmissíveis (NCDs) – tais como hipertensão e diabetes – mas também no reforço da participação e coesão social. Sabemos ainda que cada euro investido na promoção do desporto e da actividade física permite uma poupança de três nas despesas públicas no sector da saúde. Não é um conto de crianças, está tudo amplamente estudado e documentado.
Apesar disso, os Estados-membros da União Europeia gastam, em média, menos de 3% dos seus orçamentos anuais de saúde em medidas de prevenção. Ano após ano, continuamos a canalizar os escassos recursos que dispomos para o combate à doença, marginalizando a promoção da saúde através de mudanças comportamentais e alterações dos estilos de vida.
Chegou por isso o momento de agir. Decisores políticos, organizações da sociedade civil e privados, todos têm um papel a desempenhar na espinhosa tarefa de preparar a Europa para as exigências do século XXI. A prevenção de doenças e a promoção da saúde através do exercício físico podem ajudar as gerações mais velhas a permanecerem independentes e a manter elevados padrões de qualidade de vida o maior tempo possível. Aqui reside uma parte importante da resposta ao desafio demográfico que a Europa enfrenta e também uma oportunidade única para o sector do fitness a nível europeu. Uma oportunidade que, uma vez mais, a Associação Europeia de Saúde e Fitness (EHFA) – agora rebaptizada de EuropeActive – não deixou de agarrar com as duas mãos.
O Projecto PAHA
Na missão que nos propomos levar a cabo, não é preciso de reinventar a roda. Nos anos 90, um conjunto de ginásios em Inglaterra lançou uma campanha para atrair novos membros, assente num programa de 6 semanas vocacionado para pessoas até então inativas. A iniciativa ficou conhecida como “Commit to Get Fit” e revelou-se um estrondoso sucesso na conversão de indivíduos sedentários em praticantes regulares de exercício físico.
Através de uma metodologia semelhante e com financiamento do Programa Erasmus+ – programa da União Europeia para a educação, a formação, a juventude e o desporto, para o período de 2014-2020 – o Projeto Promoção da Atividade Física e Saúde no Envelhecimento (PAHA) é uma intervenção adaptada para cidadãos séniores com diferentes capacidades funcionais. Com um programa de exercício estruturado para idosos entre os 55 e os 65 anos de idade, esta ação iniciada em Janeiro de 2015 pretende converter pessoas presentemente inativas em praticantes regulares, a um nível que seja benéfico para a sua saúde.
A AGAP é um dos oito parceiros da EuropeActive neste projecto, que conta igualmente com a colaboração de parceiros na Alemanha, Dinamarca, Finlândia, Grécia, Hungria, Irlanda e Reino Unido. Em cada um destes países, 3 ginásios irão executar 3 programas de exercício supervisionados, com a duração de 6 semanas e 15 participantes cada. Para o efeito, os instrutores, professores e outros trabalhadores envolvidos no projeto receberão formação específica tanto em matéria de competências motivacionais como de promoção do envelhecimento ativo. Todas estas despesas serão integralmente suportadas pela União Europeia. A participação nos programas experimentais será totalmente gratuita e, aos cidadãos séniores que participem no projeto, será ainda oferecido um regime preferencial para continuarem a praticar exercício por um período mínimo de seis meses.
Com um horizonte temporal de 18 meses (entre Janeiro de 2015 e Junho de 2016), o Projecto PAHA será ainda objeto de uma robusta avaliação por parte de um conjunto de académicos de prestigiadas universidades europeias. Pretende-se, desta forma, validar cientificamente os resultados do projecto e desenvolver um conjunto de standards transversais, que possam ser disponibilizados para as estruturas de formação de organizações desportivas em toda a Europa.
O objetivo é criar uma metodologia consistente que possa facilmente ser adaptada e reproduzida em diferentes configurações, permitindo que mais cidadãos se iniciem na prática regular de exercício e de atividades físicas que potenciem a sua saúde. Com o Projecto PAHA, o setor do fitness a nível europeu posiciona-se como um parceiro privilegiado da UE na busca de soluções que permitam a mais pessoas usufruir de um envelhecimento ativo e saudável.






