"Impossível é apenas uma opinião" pode-se ler algures no facebook de Susana Henriques, mais conhecida por Su, e uma das mais populares participantes do programa Peso Pesado.
Com que opinião se passa de um peso de 170 kg para cerca de 70 kg?
No âmbito desta área dedicada ao coaching, tenho vindo a falar sobre a estrutura do coaching e formas de aplicação prática desta estrutura. Neste artigo, decidi por bem citar um exemplo de como se pode passar de um ponto A para um ponto B, podendo este ponto B ter contornos de "quase impossível".
Eventualmente, todos nós já ouvimos de ouvir falar de Susana Henriques, uma ex-concorrente do programa Peso Pesado. Com 28 anos e 1,53 cm de altura, pesava 170 kg. Na adolescência era desportista, praticava ginástica, mas um momento traumático da sua vida (a morte da sua mãe) contribuiu para que a comida se tornasse num refúgio "seguro".
Note-se que a obesidade é reconhecida pela OMS – Organização Mundial de Saúde - como doença grave, que atinge proporções epidémicas no mundo, sendo que não deve ser descurado o facto do peso excessivo estar associado ao papel emocional da alimentação.
Incentivada por colegas e amigos decidiu inscrever-se no programa "Peso Pesado" da SIC, tendo sido selecionada de um grupo de mais de 10.000 candidatos.
No primeiro dia, os concorrentes tiveram que enfrentar um dos primeiros desafios que consistia em atravessar uma piscina de lama para ir ao outro lado buscar a bandeira da equipa. A Susana ficou enterrada na lama, quase sem se conseguir mexer e a sua dupla perdeu o desafio e ficou em risco de ser eliminada.
Relatou mais tarde que foi, exatamente nesse momento, que se apercebeu que tinha mesmo que fazer qualquer coisa por si, para que não ficasse "enterrada na lama" o resto da sua vida.
O processo de evolução humana pode-se fazer de duas formas: evolucionária e revolucionária. Qual a diferença entre as duas?
A evolução remete para o aperfeiçoamento, crescimento ou desenvolvimento de uma ideia, sistema, hábito ou indivíduo.
A evolução consiste num conjunto de modificações lentas em direção a um determinado sentido, que remete para um desenvolvimento gradual e progressivo.
A evolução representa uma alteração progressiva de um ser ou de um sistema em direção a um estado final.
A revolução pressupõe um momento emocionalmente significativo, ao qual está associado muita "dor". Significa que só estou em condições de "avançar" quando tiver chegado ao "fundo do poço". Ao contrário da evolução que é um processo gradual, no desenvolvimento revolucionário há uma rutura, uma inversão radical dos processos internos.
Esse momento, emocionalmente impactante, pode ser a morte de alguém, um acidente, ficar desempregado, etc. O nosso sistema irá encontrar formas (por vezes através de uma alimentação desequilibrada) de compensar essas perdas.
Se não formos capazes de antecipar um processo de desenvolvimento evolucionário, só quando estamos "enterrados na lama" é que teremos motivos suficientes para escolher outro tipo de opções daquelas que têm sido as rotinas habituais!
Essas outras opções serão aquelas que nos farão sentir mais congruentes e genuínos connosco mesmos! Não basta dizer que se quer…. e que se quer muito. Torna-se fundamental "olhar para dentro de nós" e reconhecer a "veracidade" desse "quero muito". Reconhecermos em nós próprios a confiança dessa afirmação e a sua credibilidade! Caso contrário, continuaremos num processo de autossabotagem em que estaremos a atirar areia para os nossos próprios olhos. Em que iremos continuar a afirmar coisas que queremos e a sentir exatamente o seu contrário!
Quando há um alinhamento interno e uma congruência entre aquilo que dizemos e aquilo que fazemos estamos a reforçar a nossa crença de que é "possível" e começamos a construir a crença que o "impossível é uma mera opinião". Pode, de facto, chegar a hora de escolher e ter uma opinião diferente e essa opinião passar a ser "é possível"!
Quando o programa terminou, Susana Henriques tinha 117 kg e como refere "houve muito trabalho cá fora". A Susana é uma atleta de Crossfit e está muito grata ao CrossFit. "Foi uma modalidade que descobri durante o processo e que se tornou num modo de vida. Costumo dizer muitas vezes que se o Peso Pesado salvou a minha vida, o Crossfit mantém-me viva e é tão verdade."
Decidi recuperar esta história da Susana Henriques porque reconheço na mesma a estrutura de coaching que tenho tido oportunidade de partilhar nesta revista. Nomeadamente, a estrutura dos objetivos e a razão pela qual fazemos o que fazemos. Quando estamos atrás de um ponto B devemos ser muito bons a fazer estas perguntas a nós próprios e aos nossos clientes….
• O que é que eu quero que aconteça?
• O quanto esse objetivo é importante para mim? É realmente importante para mim?
• Eu acredito que posso atingir esse objetivo e que isso depende, principalmente, de mim?
• O que vai significar para mim atingir esse objetivo?
• O que vai significar para mim se não conseguir atingir esse objetivo?
• Como vou saber se me estou a aproximar do objetivo?
• Quem me pode ajudar na concretização desse objetivo?
Este pode ser mesmo o primeiro passo para mudarmos a nossa "opinião"!