lunes, 9 de noviembre de 2015

UMA EQUAÇÃO COMPLEXA ENTRE PREÇO, VALOR E SERVIÇO

De há 4 a 5 anos para cá tem-se verificado uma grande alteração no panorama dos ginásios em Portugal. À semelhança das tendências europeias, também no panorama do mercado do fitness em Portugal começaram a surgir os chamados ‘ginásios Low Cost’ que, na verdade, muitos deles, são apenas ‘Low price’. Segundo dados do último barómetro da AGAP, em 2011 o preço da mensalidade média em Portugal era de 46€, em 2012 foi de 39€, no ano de 2013 passou para 35,68€ e em 2014 estabilizou. O mesmo estudo demonstra que 53% da amostra cresceu em número de clientes, contudo, apenas 40% cresceu em faturação. De seguida lanço algumas perguntas e respostas que considero pertinentes no que diz respeito à realidade do mercado do fitness nacional.


O Low Cost é um conceito em expansão e uma realidade para todos os que pretendem pagar menos. O termo começou com as companhias aéreas e tornouse transversal a todos os setores de atividade. Os ginásios Low Cost têm, obviamente, menos regalias que os ginásios tradicionais e menos comodidades. Esqueça as saunas, jacuzzis, toalhas, cremes hidratantes, gel de banho… em casos extremos até o duche é pago à parte. Em alguns clubes encontramos limitações no serviço final ao cliente, tal como ter apenas direito a usar máquinas, ficando as aulas de grupo e os horários alargados reservados aos clientes que paguem mensalidades mais elevadas. Nos espaços que readaptaram os preços, ou seja os ginásios Low price, e não conseguiram adaptar a estrutura à descida de preço, apenas temos uma diminuição do preço aproximadamente em 50% daquela que praticavam há 3 e 4 anos atrás. Na verdade, permanecem com quase todos os serviços que já possuíam, cortando naquilo que a maior parte dos utilizadores procuram, ou seja, aulas de grupo, espaços de treino e diversidade de horários, caminhando, na minha opinião, ainda para maiores dificuldades. Assim, podemos concluir que ginásios Low Cost são estruturas preparadas e adaptadas a uma filosofia inovadora e que conseguem conciliar custos operacionais com uma boa oferta de serviço final ao cliente, amplas instalações e preços ajustados. O conceito low Price enquadra estruturas que, simplesmente, baixaram o preço sem ajustar os custos asociados aos serviços prestados ou os encargos fixos das instalações.

Será que todas as estruturas que baixaram preço conseguiram adaptar os seus custos à diminuição das receitas? 
Enganem-se os que pensam que, pelo facto de baixarem o preço para metade, os espaços vão conseguir duplicar ou triplicar o número de mensalidade pagas. Muitas das estruturas não têm essa capacidade, pois os espaços têm limitações estruturais que não permitem um incremento significativo de utilizadores, mas também porque a adaptação das mesmas não é viável ou é demasiado dispendiosa. Desta forma, entramos num caminho perigoso de baixar preço e aumentar  todos os nossos custos com o incremento de utilização nos espaços.

Será que podemos asociar Low cost a Low service?
Esta tem vindo a ser uma ideia generalizada que, pelo facto de
se pagar uma mensalidade baixa, tem obrigatoriamente um mau serviço. Ideia completamente errada! Através das visitas que tenho realizado a ginásios Low cost, posso asegurar que, na sua maioria, têm um serviço equivalente a muitos dos ginásios ditos tradicionais:
têm um maior número de professores a acompanhar a sala de exercício, um mapa de aulas mais completo, em quantidade e diversidade, apresentam todas as novidades do mercado e têm uma simplicidade de processos muito superior às instalações tradicionais, deixando ficar de lado as mordomias associadas aos antigos Health clubs.

Nos processos comercias, andamos a vender Preço ou Valor?
Habitualmente vemos os espaços a vender Preço e não Valor. Todo o marketing e todas as campanhas promocionais andam a volta de Preço, ao invés de venderem Valor, esquecendo que basta abrir um ginásio na porta ao lado 1 cêntimo mais barato, para deixarem de ser os mais baratos. Quanto vale o serviço que o meu espaço proporciona? Quanto vale a variedade de aulas, as instalações, a qualidade dos profissionais, a localização?
Que valor tem asociado à mensalidade que praticamos?

Será que a população ativa portuguesa está verdadeiramente recetiva ao verdadeiro conceito low cost?
Acredito que a população portuguesa ainda não se adaptou e não está totalmente preparada para a mudança de paradigma dehealth club para ginásio, onde  algumas da pessoas ativas procuram preços baixos com serviços e instalações premium. Esta poderá ser uma das razões pelasquais o mercado Português, atualmente, não é um mercado atrativo para as multinacionais do fitness low cost, associado ao facto de a população portuguesa ser reduzida e com pouca densidade populacional. Sem querer, obviamente, estar a mencionar a elevada carga fiscal aplicada no nosso país!

Será que os ginásios low cost estão a “roubar” clientes aos ginásios tradicionais?

Acredito que a aposta nos ginásios low Cost veio aumentar a taxa de penetração, conquistando uma fatia de população não ativa justificando por aqui, e segundo o último barómetro da AGAP, um crescimento de 19% de membros ativos face ao ano de 2013. Aliás, existe uma perceção que, pelo menos, 40% das pessoas que se inscrevem num ginásio low cost nunca tinham frequentado outro ginásio. Por outro lado, as novas unidades low cost que se estão a implementar no mercado têm também uma gestão mais profissional e inovadora, com modelos de negócio bem definidos e planos estratégicos e de marketing bem direcionados, fazendo com queconsigam captar clientes de uma forma mais eficiente.

Tiago Meneses
Fundador e Gerente da marca Urbanfit

 
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