viernes, 27 de marzo de 2015

A VERDADE

Muitas pessoas, especialmente as mais ignorantes, desejam castigar os honestos por falarem verdade, por serem correctos e autênticos. Quando estamos correctos e sabemos disso, que fala a razão. Verdade só existe uma e continuará a ser sempre a verdade. A verdade determina o ponto de partida da nossa liberdade. Toda a dor emocional, qualquer que seja, desaparecerá no momento em que estejamos dispostos a enfrentar e admitir a verdade da qual estamos a fugir.


O que importa é saber reconhecer e admitir plenamente a verdade, da forma mais honesta e como se de um currículo profissional se tratasse. Ou seja, sem subtrair ou acrescentar nada para as credenciais da realidade que cada um representa a si mesmo.

Embora a verdade esteja em minoria, continua a ser a verdade. Sem a verdade, a vida converte-nos em prisioneiros da nossa própria construção. Se não podemos dizer a verdade, mantém o silêncio, mas não devemos tomar os caminhos alheios à nossa natureza para não acabarmos onde não queremos ou precisamos de estar. No final, perde-se a humildade e o conhecimento de nós próprios.

Isto, que é tão simples, a algumas pessoas custa muito, em especial aqueles que há muito tempo fogem das dificuldades e das responsabilidades, passando pela realidade apenas pela ponta dos pés.

A verdade é o nosso amigo mais íntimo e aceita todas as outras verdades. É esse amigo que nos mantém em contato com a realidade e nos permite expressar a nossa identidade mais íntima e autêntica. Não há necessidade de temer ou lutar contra a verdade, pois ela só vai doer quando for caso para isso. A verdade é o melhor remédio para qualquer mal-entendido, distorção, tergiversão e confusão entre as pessoas. Também representa o que foi escrito atrás mas aplicado ao relacionamento consigo mesmo. Ser capaz de falar e ouvir a verdade significa ter a capacidade de compreender os pontos isolados, escuros e misteriosos da vida, e poder conectá-los na sua sequência real e autêntica.

Finalmente chegou a hora de dizer a verdade ... o que dói mais, a mentira ou a verdade?

Temos de admitir que somos seres humanos frágeis, imperfeitos, egoístas, agressivos, defensivos, e que, muitas vezes, causamos um dano consciente aos outros. As pessoas à nossa volta apenas nos dirão aquelas verdades que somos capazes de ouvir e admitir, e não mais. Só é possível que eles gostem ou nos amem se formos capazes de ouvir as suas verdades, sem desqualificar, menosprezar, ou pronunciar qualquer juízo sobre eles.

Somos todos pessoas imperfeitas, todos nos equivocamos e todos cometemos erros. A qualquer momento podemos padecer de uma ou mais doenças mentais, como sucede em qualquer outro órgão. Simplesmente, o stresse prolongado cria graves perturbações mentais, tais como ansiedade e depressão. No entanto, o termóstato dos nossos níveis de stresse estarão no seu nível mais baixo, sempre e quando estejamos dispostos a expressar a nossa verdade com maior facilidade e fluidez possível. Toda a dor emocional, qualquer que seja, desaparecerá no momento em que estejamos dispostos a enfrentar e admitir a verdade da qual estamos a fugir.

Confessar que magoámos alguém é muito difícil de assimilar pelo ser humano. E isto acontece porque magoa ainda mais os outros quando nos recusamos a admitir o dano que fizemos. Neste caso, a negação da verdade constitui uma mentira que esconde o significado da realidade e interpõe a mentira. Dizer a verdade elimina a dor causada pela ferida emocional, que por sua vez tinha sido criada pela mentira. Só então, livre de mentiras, somos capazes de amar o mundo novamente.

Os nossos pais tinham as suas falhas e não foram perfeitos. Eles nem sempre sabem tudo nem se comportam de uma forma compreensiva connosco. Para mais erros que tenham cometido, fizeram as coisas da melhor forma que sabiam, sem um manual de instruções para a criação de um filho ou filha.

Mas os nossos pais também não foram um casal de ogros, monstros, retrógrados ou perfeitos idiotas. Deram o melhor que podiam, a partir de um ponto de vista diferente do nosso. Além do mais, é muito provável que um dia nos comportemos da mesma maneira ou pior.

Ao recordar as nossas memórias, temos de admitir que na última discussão com os nossos pais só tivemos parte da razão e, muito provavelmente, nos equivocamos, mesmo quando nos recusamos a admitir isso. Também, a última vez que alguém nos tratou como uma pessoa inteligente e brilhante, provavelmente deve-se ao facto que não nos conhecia muito bem.

Podemos encolher ou esticar quando não temos certeza, retrair quando temos dúvidas e comportar como pessoas odiosas, ressentidas, insuportáveis e vingativas quando sentimos mágoa, desespero, ou uma mistura de ambos. Todos são sentimentos e comportamentos humanos.

Por outro lado, também podemos demonstrar coragem e bravura, ser esplendidos e desprendidos, comportar-nos com amor e compreensão e, acima de tudo, podemos ter muita compaixão, sem nunca emitir juízos impulsivos, menosprezar ou julgar erroneamente os outros. Estes também são sentimentos e comportamentos humanos.



Seja o que for que somos, muito bons, menos bons, neutros, menos ruins ou francamente muito ruins, tudo corre ao longo de um amplo espectro que representa pensamentos, sentimentos e comportamento humano há milhões de anos. Um espectro onde o claro-escuro da vida se mistura e se sobrepõe com algumas curvas cheias de sombras, onde todas as realidades são parciais.

O que importa é saber reconhecer e admitir plenamente a verdade, da forma mais honesta e como se de um currículo profissional se tratasse. Ou seja, sem subtrair ou acrescentar nada para as credenciais da realidade que cada um representa a si mesmo. A quem tem que gostar é a nos próprios. Cada um é como é, ponto.

Ser capaz de por de lado as nossas defesas e admitir a nossa verdade constituirá sempre uma forte plataforma, como um sinal claro da força pessoal. Ao admitirmos as nossas fraquezas daremos aos outros uma pessoa a quem eles podem realmente gostar ou amar.

Vale a pena investir na verdade. Olhemos para onde olhemos, admitir as nossas fraquezas mais frágeis e vulneráveis é, de longe, a nossa maior força e poder. Esse poder se manifesta no seu máximo potencial quando, com um sorriso nos lábios, somos capazes de dizer: "Critiquem-me com tudo o que queiram, desde que seja com a verdade… a verdade é que a única coisa que me importa"


Guillermo A. Laich
 
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