miércoles, 3 de mayo de 2017

OS NOVOS RUMOS DO FITNESS

A década de 90 foi muito marcante no desenvolvimento dos modelos profissionais de gestão das academias. Foi nesse período que as academias começaram a desenvolver os controlos de performance, começaram a organizar as informações, começaram a "importar" de outros tipos de negócios mais maduros, algumas técnicas de gestão e as adaptaram às academias. 

Foi nesse período que as vendas profissionais desembarcaram nas academias e a partir daí nada mais foi o mesmo.

Considero que foi nesse período, depois da chegada das vendas, que deixamos de ser academias e viramos um NEGÓCIO, um BUSINESS.

Até então o mercado era constituído por donos de academias que na sua maioria eram ex-professores ou então ex-atletas ou até mesmo entusiastas de desporto. Mesmo alguns tendo experiência como gestores, a maioria adotava um modelo de gestão bem reativo e até certo ponto amador. Eu diria romântico mesmo.

No fim da década de 90 tudo começou a mudar e a partir dos primeiros anos da década de 2000 houve uma grande explosão de "investidores" dispostos a derramar um camião de dinheiro no negócio-academia. Na verdade o que foi definitivo devem ter sido os avanços da internet que permitiram que a população entendesse de maneira definitiva a importância da atividade física regular para todos.

De um momento para o outro o mundo descobriu que fazer ginástica, que correr, fazer musculação, spinning, natação e pilates trariam enormes benefícios a todos.

A partir daí virou negócio, virou BUSINESS e daí em diante as proporções ficaram impressionantes. Muito, mas muito dinheiro apareceu para se investir em cadeias de academias. Já não se fala mais em abrir uma academia, fala-se em abrir 10, 20, 30 unidades de negócio como se fosse ir até à padaria e comprar 20 pãezinhos.

Vários bancos de investimento estão aplicando o dinheiro dos seus clientes no mercado de academias já que os números tem mostrado que o retorno é garantido.

O mercado está hipertrofiado e não falta fôlego para essa indústria que já movimenta biliões. Mesmo com as cíclicas e costumeiras crises económicas mundiais o mercado de atividade física e saúde cresce de maneira consistente.

Como todo mercado que cresce se segmenta, no mercado de fitness não é diferente e há alternativas para todos os tipos de consumidores. Há academias low cost, baratíssimas, há academias premium, caríssimas, há estúdios funcionais, de pilates, cross fit, grupos de corrida, personal trainers, programas de treino online e a lista é grande e crescente.

O consumidor é rei neste mercado e pode escolher o que quiser, no preço que quiser, onde quiser e se beneficiar de várias maneiras.

Infelizmente todo mercado que cresce também perde um pouco de qualidade e isso está a acontecer também.

A sede e o desejo desenfreado pelo lucro tem feito com que muitas cadeias de ginásios se preocupem mais em montar estruturas físicas grandes, luxuosas e, de preferência, com preço acessível, mas não conseguem fazer com que mais pessoas beneficiem realmente da atividade física. E quando digo realmente é que 72% das pessoas que procuram um ginásio o fazem para emagrecer e infelizmente a maioria não chega nem perto dos resultados. 75% dos clientes não conseguem nem frequentar o ginásio o número de vezes por semana mínimo para obter resultados. 50% dos novos clientes desistem de frequentar antes mesmo de completarem 90 dias de matricula. Cada academia perde em média 12% do total dos seus clientes por mês. Na verdade os ginásios sobrevivem de novas vendas e não do aumento de permanência dos atuais clientes. A cada dia investe-se mais nas vendas, nos formatos de pagamento, na baixa dos preços e quase nada nos esforços para mudar definitivamente o comportamento do consumidor. Infelizmente o número de clientes que se dececiona com a nova relação com a atividade física é crescente. 

Realmente há muitas opções para se escolher onde se exercitar mas infelizmente são raros os locais onde uma pessoa se pode inscrever e obter os tão desejados resultados físicos. 

Quando se fala sobre isso entre empresários, estes apressam-se em argumentar que ir para a academia também é uma experiência, um momento social, um momento para relaxar e esquecer dos problemas do dia-a-dia. É verdade. Pena que os clientes na sua maioria, 75%, querem na verdade emagrecer. Pode ser num lugar onde relaxem, onde encontrem pessoas, mas querem emagrecer.

É comum num jantar encontrar alguma pessoa que diz: “Eu tentei ir para uma academia, comprei um plano anual, e fui 3 ou 4 vezes.”. Para mim, parece que temos uma oportunidade gigante aqui. A empresa que quiser apresentar-se como uma empresa que se preocupa e efetivamente entrega RESULTADOS para os clientes, certamente estará num nicho de mercado com baixíssima competição e alta procura por parte da população. 

Vejam que temos muito que amadurecer no que se refere a profissionalismo no mercado de fitness.

O momento é de investir no atendimento ao cliente, investir na qualificação da equipa. Assim como noutros mercados, estamos a seguir a ordem natural das coisas. Depois de disputar pelo preço, chegou a hora de disputar pela qualidade.

Almeris Armiliato

 
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