Em qualquer decisão estratégica é necessário levar em consideração o sector em que a nossa empresa trabalha e para onde está a seguir a indústria, neste caso, do fitness. Por essa razão, várias empresas publicam anualmente as tendências mais importantes para o próximo ano.
10 tendências que apresentamos foram extraídas de publicações de empresas internacionalmente reconhecidas, como IHRSA, ACE, Europe Active e Club Intel. Além disso, face ao nosso conhecimento dos mercados, adicionamos uma perspetiva mais “nacional”.
1. Estúdios Boutique crescem a bom ritmo: este fenómeno, que há já algum tempo segue a crescer noutros países, é impulsionado pela geração conhecida como Millennials, ie, pessoas nascidas entre 1981 e 1995 e atualmente entre os 20 e os 35 anos. Esta geração procura experiências que as inspirem, que transmitam autenticidade, especialização, sentimento de grupo e oportunidade de se expressar individualmente. Em alguns países, mais de 40% dos consumidores já são clientes de um centro boutique. Em Portugal e Espanha vamos ver este ano o início da explosão do fenómeno e, na verdade, já se começam a ver algumas propostas muito profissionais.
2. Os ginásios Low Cost vão continuar a crescer: apesar do rápido crescimento que tiveram nos últimos anos, todos os dados indicam que ainda há margem para crescerem. Este crescimento progressivo leva a uma maior concorrência, fazendo com que a luta por criar uma marca forte e diferenciadora dos outros clubes low cost seja ainda mais feroz. Isto vai levar-nos a ver estratégias competitivas interessantes destes operadores. Veremos alguns que decidem competir essencialmente pelo preço, lutando para ser o mais barato, e outros que optam por diferenciar pelo serviço, mesmo que isso implique um ligeiro aumento de preços.
3. Utilização livre e por visita irá aumentar significativamente: esta prática de consumo livre (utilização avulsa; pagar por cada treino) começa a estar bastante disponível e muitos consumidores preferem-na, em oposição ao modelo de pertencer a um único ginásio. A compra por utilização permite ao cliente escolher, de acordo com as suas preferências nesse dia, entre muitos ginásios, instrutores, atividades e serviços. Para um usuário dinâmico, moderno, digital, entendido, exigente e que procura a especialização é uma escolha muito boa de consumo. O desafio para muitos ginásios é serem capaz de incorporar este tipo de consumo, sem abrir mão do modelo tradicional de mensalidades.
4. Importância das plataformas digitais no setor: as plataformas que vendem passes ou entradas a aglomerados de ginásios vai ganhar força, pois estão alinhadas com um consumo muito mais livre e de maior escolha para os consumidores. Este fenómeno irá gerar uma mudança de poder. Até agora, o poder estava nas mãos dos clubes, que lutam pelos seus clientes e, em função do nível de concorrência, tinham maior ou menor liberdade de ação. No futuro, o poder vai começar a passar para as plataformas e para os consumidores, que deixarão de ser membros do ginásio, na medida em que preferem vincular-se a uma plataforma e escolher, nesse dia, o ginásio ou atividade, através da internet.
5. A tecnologia continuará a penetrar nos ginásios: o apoio de muitos processos na tecnologia vai continuar a crescer, tal como estamos a ver nas vendas, na fidelização de clientes, na programação, na monitorização do treino, etc. O cliente está cada vez mais habituado ao self-service e a usar a tecnologia, sendo que, muitas vezes, ele próprio a exige porque, em grande parte, permite-lhe controlar parte do processo, economizar tempo e lhe dá protagonismo.
6. As atividades de grupo serão a forma mais comum de praticar fitness: as atividades em grupo passarão a entrar todas as áreas do clube e não só nas Aulas como habitualmente, mas também em novos formatos que incluem máquinas cardiovasculares, trabalho em passadeiras, elípticas ou remos. Além disso, vamos assistir cada vez mais a propostas que combinam diferentes tipos de atividades numa única sessão. O cliente pede, cada vez mais, para ser orientado por um instrutor que lhe forneça uma experiência, o que fará com que vejamos menos clientes a treinar sozinhos.
7. O treino funcional continuará a crescer: o treino com o uso do próprio corpo e pequenos materiais vai continuar a crescer, logo existirão mais espaços para este tipo de treino nos ginásios. Este tipo de exercício caminha ao lado do crescimento do treino de alta intensidade e em suspensão.
8. O treino personalizado e em grupo vai continuar a crescer: um cliente mais conhecedor e experiente procura serviços de maior qualidade e especializado. É por isso que o Personal Training vai continuar a crescer, assim como os treinos personalizados com amigos ou "small group training" em grupos de 6 pessoas ou menos.
9. A venda será cada vez mais pela Internet: hoje, 90% dos consumidores quando querem comprar algo fazem-nos através de pesquisas na Internet, dos quais 60% através de dispositivos móveis. O cliente quer comprar quando quer, sem ter que perder tempo e tomar a decisão sem pressão. Esta tendência deve fazer-nos repensar os processos de venda atuais com a figura dos comerciais ou consultores e, por outro lado, a estratégia de vendas online e a forma como exibimos as informações e o processo de seguimento (follow-up) para se inscrever. Este perfil de cliente exige transparência e rapidez nas informações do clube e nos preços e quer a segurança de estar a fazer uma boa compra.
10. O mercado continuará a concentrar-se nos operadores fortes: a cada ano que passa vemos o setor a tornar-se mais concentrado e a ficar nas mãos de menos operadores, mas mais poderosos. Isto ocorre devido à fusão ou compra e venda entre diferentes operadores, mas também porque a maioria das novas propostas, especialmente em modelos de baixo custo e boutiques, nascem com um conceito de rápido crescimento, principalmente sob a forma de franchising ou similar. A indústria de fitness ibérica tem feito grandes progressos neste modelo de concentração, mas ainda tem um longo caminho a percorrer, quando comparado com outros países, por isso esperamos mais progressos neste sentido ao longo dos próximos anos.
Parece que, de acordo com os especialistas, estas serão as principais tendências no futuro próximo. Agora, cada um de nós deve tratar de refletir sobre a forma como acreditamos que estas tendências vão afetar o fitness, em especial, a nossa empresa, e desenhar um plano estratégico para a adaptar a esta nova realidade já em curso. Esta capacidade de mudança e adaptação vai fazer a diferença entre o sucesso ou o fracasso da nossa empresa nos próximos anos.
