jueves, 23 de julio de 2015

REVISÃO AOS PRINCIPAIS INDICADORES DE GESTÃO DE UM GINÁSIO OU HEALTH CLUB


Gerir um Health Club deve preconizar o acesso rápido e fácil a um conjunto de indicadores que definam a sua performance em áreas financeiras (por exemplo o volume de negócios) e não financeiras (número de novos sócios, taxa de retenção). Estes indicadores de desempenho (key performance indicators – kpi’s) devem expressar de modo quantitativo o grau de cumprimento dos objectivos estratégicos.

Através de um “cockpit” de gestão será possível apurar desvios face às metas definidas, identificar as causas desses desvios, identificar constrangimentos futuros, definir medidas correctivas, ajustar metas e aumentar a responsabilização dos colaboradores. Em suma, gerir de forma mais eficaz e melhorar a prestação de contas aos investidores.




De acordo com a metodologia de gestão Balanced Scorecard (Programa Equilibrado de Gestão Estratégica) a escolha destes indicadores de desempenho deve ter por base:
·         Uma perspetiva financeira: crescimento e rendibilidade do negócio;
·         Perspetivas não financeiras:
o   Clientes: adesão, satisfação e fidelização;
o   Processos internos: eficácia, eficiência e racionalização;
o   Aprendizagem e desenvolvimento: recursos humanos (satisfação, retenção, qualificação, coordenação) e tecnologias.


De seguida, abordamos cada uma destas áreas seleccionando os indicadores que nos parecem reflectir de um modo mais global e simples o modo como cada Health Club estará a operar. Para cada área não devem definir-se mais do que três a quatro indicadores e estes devem ter sempre em conta a fase do ciclo de vida do negócio, bem como o posicionamento e dimensão do clube.


Indicadores na perspetiva financeira

Na perspectiva financeira devemos analisar crescimento e rendibilidade através da evolução mensal e anual do volume de negócios (com IVA e sem IVA) e o resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (muitas vezes referido através do anglicismo EBITDA). Este último indicador também pode ser expresso em percentagem, isto é, a divisão do resultado operacional pelo volume de negócios, o que nos fornece a rendibilidade numa ótica operacional. Apesar de muito dependente da dimensão e posicionamento do clube, uma EBITDA em percentagem de 10-15% pode considerar-se bom.


Indicadores na perspetiva clientes

Na ótica dos clientes importar monitorizar indicadores relacionados com captação, satisfação e retenção. Como tal, o volume de novas adesões, a satisfação do cliente e o número de cancelamentos serão bons indicadores nestes domínios. No entanto, o principal indicador será obviamente o número de sócios ativos (pagantes).

Em relação ao volume de adesões importa perceber os ritmos ao longo do ano para que ao definir metas para as equipas comerciais se consiga ter em conta a sazonalidade. Outro tema importante é a distinção entre novos sócios e reactivações (especialmente em clubes em fase de maturidade). Em clubes com mais de 3-5 anos no mercado, acreditamos que as reinscrições poderão representar 15-25% das adesões mensais. Independentemente de qualquer outra variável, qualquer clube deve sempre cumprir com as suas metas em termos de captação, já que a minimização de cancelamentos é ainda um aspeto onde o fitness tem uma enorme margem de evolução.

Em termos de satisfação, o principal indicador é o Net Promotor Score (NPS), o qual classifica os clientes em promotores, indiferentes e detractores, através da seguinte questão: recomendaria os nossos serviços aos seus amigos e familiares? Numa escala de 1 a 10, aqueles que dão resposta de 1 a 5 são considerados detractores, ou seja, aqueles que vão passar uma ideia negativa do serviço prestado. Os que dão uma resposta de 6 a 8 são os indiferentes - embora satisfeitos com o serviço, não estão totalmente convencidos ao ponto de falarem da experiência que têm no clube. Finalmente, os fãs são aqueles que respondem 9 ou 10 na escala. A avaliação do NPS deve ser uma prática de gestão corrente, com uma sugestão de aplicação de, no mínimo, duas vezes por ano. O NPS é calculado subtraindo a % detractores à % fãs.
No que respeita à retenção ou, por oposição, à taxa de rotação é necessário entender a dimensão dos cancelamentos, bem como a sua natureza (factores não controláveis e factores controláveis associados ao sócio ou ao clube). Neste aspeto é crucial que o clube identifique de modo claro os motivos que levam aos cancelamentos e possua planos de acção claros sobre cada um desses motivos (desmotivação, ausência de resultados, staff pouco comprometido, escassez de equipamento, pouca utilização do clube, entre outros). Uma taxa de rotação mensal superior a 5% não é desejável.


Indicadores na perspetiva processos internos

Quanto aos processos internos associados ao ciclo de vida do cliente, temos algumas questões críticas a considerar em função do momento em que o cliente se encontra (primeiros 3 meses de prática ou meses seguintes, por exemplo) ou outras que são muito importantes, mas com alguma independência face ao ciclo de vida, como é o caso da taxa de sucesso no 1º envio dos débitos diretos e a taxa de recuperação de devedores ou o nº de reclamações.

No nosso entender, o principal indicador que espelha a qualidade dos processos internos é a permanência média (average membership lifetime), associada ao proveito médio por sócio em termos do seu ciclo de vida (average membership lifetime value). Mais objetivamente, estamos a falar do tempo médio que cada cliente permanece como sócio ativo no clube e o que isso representa em termos financeiros. Este aspeto é fulcral porque nos dá uma ideia clara do que pode representar cada adesão para o clube (por exemplo, para um clube com uma permanência média de 9 meses e um proveito médio de 40.00€, falamos de 360.00€).

Importa cruzar estes dois últimos indicadores com a frequência semanal de treino (usage), sendo que este indicador é o melhor preditor da taxa de rotação, ou seja, uma maior utilização do clube está sempre associada a uma menor taxa de rotação. Na realidade, deveríamos ter como objectivo aumentar o número de sócios core do clube, ou seja, aqueles que frequentam mais de 100 vezes por ano (mais de oito vezes por mês).


Indicadores na perspetiva pessoas e tecnologias

Um dos principais factores diferenciadores das organizações são as pessoas. A qualidade dos colaboradores de uma organização, os seus conhecimentos, habilidades e competências, o seu entusiasmo e satisfação com as actividades, o seu espírito de iniciativa para gerar valor, tem um forte impacto na produtividade e rendibilidade da organização, no nível de serviços proporcionados ao cliente, na reputação e imagem da marca e na competitividade.

Em relação à satisfação dos colaboradores existe uma clara relação entre a satisfação dos clientes e a satisfação destes, pelo que se torna crucial a avaliação periódica através de inquéritos (por exemplo, Gallup Q12 Employee Engagement Survey).

No que respeita à retenção dos colaboradores é sabido que quanto maior o investimento efectuado nestes e o seu conhecimento sobre os processos internos e clientes, maior relevo assume a sua retenção, pois a sua perda apresenta, à partida, maiores custos para a sua substituição. Assim, a medição da taxa de rotação é um indicador crucial, sendo calculado através do quociente entre os trabalhadores perdidos e o total de trabalhadores num determinado período (normalmente um ano). Em empresas em fase de maturidade este indicador deve ser inferior a 10%.

A produtividade dos colaboradores relaciona-se com a eficiência e eficácia destes no cumprimento da sua função, o que está em íntima dependência das suas necessidades de formação e reciclagem. Pode ser avaliada através de indicadores que relacionem a função com os factores de produção, como por exemplo o volume de negócios gerado por colaborador.


Aplicação prática

O quadro seguinte apresenta-nos um exemplo simplificado de um cockpit de gestão para um clube de média dimensão, com objectivos, indicadores e metas para um período de um ano.



Perspectiva
Objectivo estratégico
Indicador
Meta
Financeira
1

Aumentar o volume de negócios (Vendas e prestação de serviços)

Volume de negócios (VN)
> 700.000€
2

Diminuir os gastos com pessoal

Gastos com pessoal (GP)
< 20% VN
3

Incrementar o resultado operacional

EBITDA
>120.000€
4

Diminuir os gastos com rendas e alugueres em relação a período homólogo

Gasto renda e alugueres
- 10%
Clientes
5
Aumentar o total de sócios activos
Média mensal de sócios activos
1400
6

Incrementar o volume médio de adesões mensal

Nº médio de adesões
75
7
Incrementar e rendibilidade por cliente
Rácio Rédito Médio (total réditos por sócio)/ Quota Média (apenas mensalidade)
>1,25
8
Estimular a utilização do clube
Nº sócios risco 1 (>100 visitas/ano)
>500
Processos internos
9
Diminuir a taxa de rotação mensal

Taxa de rotação mensal

< 5%
10
Aumentar a utilização (frequência) semanal
Frequência semanal média por sócio activo
>2,50
Aprendizagem e desenvolvimento
11


Promover a formação interna dos colaboradores


Horas de formação interna
> 25h
12

Conferir estabilidade à equipa de recursos humanos

Taxa de rotação de colaboradores
< 10%

Indicadores e metas associados aos objectivos estratégicos


 
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