jueves, 23 de julio de 2015

NÃO SE MUDA DE CAVALO A MEIO DO RIO




O algodão não engana, dizia um célebre anúncio de um produto de limpezas. Também os números do mais recente Relatório Deloitte sobre o sector do fitness e saúde na Europa não deixam margem para grandes dúvidas: a indústria está a crescer a olhos vistos e Portugal não fica mal na fotografia. Num período em que as boas notícias são escassas, este não é apenas um número. Não é apenas um dado estatístico para animar um folheto promocional ou um artigo de opinião. É um indicador fiável de como o sector do fitness tem sabido responder aos desafios do nosso tempo. De como tem sabido ser parte activa da mudança necessária para travar a epidemia da inactividade – o maior problema de saúde pública do XXI, como lhe chamou a Organização Mundial de Saúde.

Faz lembrar as taxas de crescimento das economias emergentes ou as alarmantes projecções sobre o aquecimento global: o número de cidadãos europeus membros de um ginásio aumentou cerca de 9% em 2014, tendo superado a impressionante fasquia de 50 milhões. Falta ainda uma década, mas o objectivo de alcançar os 80 milhões de membros em 2025 – meta traçada pelo sector no ano passado – parece cada vez mais próximo.
Em sentido idêntico, o número de ginásios na Europa subiu em 5,6%, enquanto as receitas geradas pelo sector ascenderam a 26,8 mil milhões de euros. Para que se tenha uma ideia, trata-se de um volume bastante superior ao do sector do futebol na Europa, que andará na casa dos 20 mil milhões. Os números são do European Health & Fitness Market Report de 2015, publicado em Abril pela EuropeActive e a consultora Deloitte. E tudo isto aconteceu no espaço de apenas um ano.
A segunda edição deste estudo (a estreia foi no ano passado) inclui pela primeira vez uma análise ao mercado português, que parece acompanhar a tendência europeia. De acordo com a Deloitte, cerca de 650 mil portugueses são membros de um dos 1300 ginásios existentes no país – gerando um total de 232 milhões de euros em receitas. O Relatório Deloitte dá também conta de um assinalável optimismo entre os operadores portugueses, com cerca de dois terços a projectar um aumento de receitas em 2015. Não haverá muitos sectores na debilitada economia portuguesa com perspectivas tão risonhas para este ano.


Uma ambição renovada

Em Portugal, como na Europa, o estudo da Deloitte vem confirmar algumas tendências de mercado que parecem ter vindo para ficar. Independentemente da sua dimensão, são cada vez mais os operadores a apostar na personalização. Uma personalização que é, no fundo, a valorização dos profissionais e a sua interação com aqueles que procuram o ginásio, indo ao encontro das suas expectativas e auxiliando-os na prossecução de metas individuais, dentro e fora dele. Este parece ser o caminho certo. Um caminho que faz do sector do fitness parte integrante da resposta ao desafio da inactividade e à necessidade de alterar estruturalmente os hábitos de vida no velho continente. Mas não vale parar por aqui. Adaptando uma célebre frase de Abraham Lincoln nos tempos da Guerra Civil Americana, nunca devemos mudar de cavalo a meio do rio.
Olhemos a questão da seguinte forma: nos dias que correm, poucos são aqueles que podem passar num ginásio o tempo necessário para atingir os tais níveis de exercício físico que possibilitam benefícios de saúde acrescidos (de acordo com as directrizes internacionais nesta matéria). Dito de outra forma, a luta contra o sedentarismo nas nossas sociedades está longe de se travar apenas no ginásio. Mas isso não deixa o sector europeu do fitness e saúde fora de combate. Muito pelo contrário.
Se os profissionais do sector pretendem ter um impacto duradouro na vida daqueles que frequentam os nossos ginásios, então talvez tenha chegado o momento de renovar a ambição. É fundamental que o plano de treino seja concebido numa outra perspectiva, reforçando a componente da actividade física moderada ao longo do dia. Desde uma reunião feita a andar, à utilização de uma impressora no outro lado do escritório, passando pela saída do autocarro na paragem anterior para percorrer o resto do caminho a pé. A melhor resposta é sempre aquela que se ajustar a cada um. Não falta hoje tecnologia para medir a actividade física prescrita e, dessa forma, perceber quais as estratégias que efectivamente resultam individualmente.


Os dados estão lançados. Fazemos parte de uma comunidade cada vez mais consciente das vantagens da prática regular de actividade física. Se pensarmos que apenas 7,2% da população adulta em Portugal frequenta um ginásio (voltando ao tal estudo conduzido pela Deloitte), então não é difícil concluir que existe potencial para continuar crescer. Uma oportunidade para agarrar com as duas mãos. Basta apenas que cada vez mais pessoas reconheçam nos profissionais do sector a capacidade de apoio e aconselhamento na transição para um estilo de vida mais activo. 


José Costa



 
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