O título é assustador, mas (é) tão real face às dezenas de vezes, se não centenas, que já ouvi de ex-colegas e profissionais que, graças à minha atividade profissional, tenho o privilégio de encontrar em conferências e formações. O problema é que neste sector sofremos de "surdez seletiva" pois este tema continua a ser um assunto tabu em mais fóruns do que era suposto.
Muito recentemente, tive a honra de discursar no Congresso Nacional de PT, integrado na Feira Gym Factory em Madrid, sobre a tecnologia e a sua relação com o fitness e a conclusão a que cheguei é fácil de entender, mas contundente: "O profissional que não suba a bordo deste barco tem uma boa chance de ser deixado de fora a curto prazo. " E quando digo fora, estou a ser muito taxativo e sem outra interpretação possível. Posso ampliar esta definição um pouco mais, tendo em conta que é uma opinião pessoal amparada pela minha experiência e pelo contato com ambos os sectores:
"Qualquer profissional da atividade física que não conte com a tecnologia para o desempenho da sua profissão será superado em breve por colegas que se souberam adaptar. A médio prazo terá que decidir se apanha o comboio ou muda de carreira.”
Digo isto com tanta certeza pois vivi, em carne e osso, este ambiente analógico tão característico do nosso sector, durante mais de 20 anos e em diferentes instalações desportivas. Uma vez ultrapassada esta barreira, decidi passar à fase seguinte, a de contribuir para o desenvolvimento da nossa indústria.
Foi aí que tive a sorte de encontrar duas pessoas que tinham tudo isto ainda mais claro (vamos usar um nome fictício, Rafa) e um programador (de seu nome, Bernardo) com mentes abertas e preparados para abandonar a sua área de conforto. Com os ingredientes selecionados e ansiosos para aprender, começamos a "cozinhar".
No seu caso, se tiver o privilégio de estar rodeado por equipas compostas por excelentes profissionais, em que seja incentivado o crescimento pessoal e profissional, a visão de técnico está assegurada, pelo que faltará, apenas, subir um degrau e começar a liderar e coordenar.
Nesta fase, descobrirá várias coisas:
• É necessário um conhecimento mais alargado de outras áreas;
• Passar a estar em contacto permanente com folhas de cálculo, legislação, relatórios, processos de gestão, etc.;
• Ter que liderar e assumir responsabilidades que anteriormente não considerava; isso inclui a tomada de decisões, sem o “botão de ajuda” (e não poder ir até ao escritório falar com o responsável, pois o responsável sou eu).
Parabéns! Agora tem mais tarefas, mais trabalho, mais responsabilidade… e os dias continuam a ser de 24 horas. Tique-taque… tique-taque…
Com qual destes dois cenários se identifica: técnico ou gestor? Porque, tanto para um como para o outro, o problema e a solução são idênticos.
Para quê tudo isto? Para no final deixar os técnicos de exercício sem emprego? CLARO QUE NÃO.
Quando desempenhei funções de instrutor, nas horas de pico podia encontrar mais de 100 usuários de uma só vez na sala de exercício, sem auxílio de mais colegas e com todo o tipo de necessidades; usando a analogia de um pugilista, só me podia defender dos golpes que recebia.
Em momentos como este, ter um "amigo" para nos ajudar nas tarefas mais mecânicas, permite-nos dar um maior toque de profissionalismo, interagir com todos os usuários presentes, fidelizando através de algo mais que o “plano de treino” e demonstrar que as nossas aptidões sobressaem e são visíveis.
E vou mais longe. A tecnologia wearable abre um enorme leque de possibilidades de planeamento, monitorização, correção e melhoria tanto da atividade exercida como da experiência dos privilegiados / infelizes que treinam consigo.
Privilegiados se decidiram treinar consigo: um profissional que se recicla periodicamente e combina o conhecimento adquirido com a experiência pessoal acumulada, entende que neste setor triunfa quem proporciona resultados e experiências, de forma igual, e se apoia na tecnologia para que estes pressupostos se cumpram diariamente.
Infelizes se, pelo contrário, treinam consigo mas é um daqueles que pensam que não precisam de mais formação (uma vez que a experiência é suficiente), bastando para isso dedicar-se a planear programas de treinos e a contar repetições. Não oferece mais experiência do que o suar durante a atividade física, não reforça nem motiva e, é claro, não usa a tecnologia pois requer o precioso tempo para a aprender. Tenha cuidado se se identifica com partes desta caracterização já que as probabilidades de perder clientes/sócios aumentam.
A tecnologia veio para ajudar e é precisa para permanecer num sector cada vez mais adaptado. Não perca tempo…
Juan Magaña
Diretor Técnico Trainingym
• Diretor Técnico Trainingym e Coordenador Área I + D na Intelinova Software.
• Treinador pessoal certificado pela NSCA.
• Coordenador área técnica SECTORFITNESS European Academy, Delegação Almería.
• Formador em atividades de grupo e treino personalizado com mais de 15 anos de experiência.
• Ampla experiência em gestão/coordenação/prestação de serviços em instalações desportivas.