Aquilo em que acredito pode ser a base dos meus resultados. Se não estou a ter os resultados que quero como posso mudar aquilo em que acredito para melhorar os meus resultados?
Tenho utilizado este espaço para introduzir algumas noções de coaching, procurando enquadrar a imensa utilidade que o coaching pode ter no contexto dos Ginásios e Health Clubs. A utilidade que o coaching pode ter nestes “ambientes” é absolutamente transversal a qualquer função no Ginásio, uma vez que pode abranger desde o gestor, passando pelos comerciais, rececionistas, instrutores, entre outras funções.
Sendo os instrutores um dos principais influenciadores dos resultados e das performances físicas dos seus alunos, irei explorar neste artigo um tema que condiciona sobremaneira os resultados físicos de qualquer um de nós. É algo que está implantado no nosso inconsciente e que por vezes é lá “colado” quando ainda somos crianças, podendo, desde tenra idade, condicionar muitas das nossas perceções sobre nós mesmos e sobre os outros.
Falo das crenças. Aquilo em que acredito.
Crenças, na psicologia cognitiva, refere-se aos pensamentos mais centrais a respeito de nós mesmos, a respeito dos outros ou sobre o mundo. Segundo a psicologia cognitiva, tudo o que fazemos é baseado no que acreditamos, ou seja, baseado nas nossas crenças internas. As escolhas que fazemos são baseadas naquilo em que acreditamos. Por exemplo, a escolha de fazer ou não atividade física ou a “escolha” de ter ou não resultados físicos é condicionado pelas minhas crenças…. e os meus resultados apenas corroboram as minhas crenças. A este propósito recupero uma afirmação de Henry Ford “quer acredites quer não, provavelmente estás certo”. Que é o mesmo que dizer que se “não acredito que consigo emagrecer”, provavelmente não vou mesmo emagrecer (a nossa mente tem um poder ilimitado para nos dar razão!!!).
Para melhor explicar como cada um de nós “atua” gostaria de introduzir o modelo PARC (Potencial; Ação; Resultados; Crenças). Este modelo diz-nos o seguinte: Potencial -> Ação -> Resultados -> Crença -> Potencial -> Ação -> Resultados -> Crença - > …
Ou seja, é com base naquilo que eu acredito que vou “aplicar” o meu potencial de ação (às vezes conseguimos sucesso porque não sabemos que “aquilo” é difícil ou impossível. Não ter uma crença limitadora já é o suficiente para alcançar grandes feitos e performances). Com esse potencial faço algo (ação) que me leva a um determinado resultado. Por sua vez, o resultado vai reforçar a crença, e assim sucessivamente ….
Contudo, este é um círculo que normalmente é encarado de forma limitada, devido a uma crença enraizada em muitos de nós. E essa crença é “só acredito depois de ver”. Esta pode ser, desde logo, uma crença limitadora e que condiciona a capacidade de potenciar este modelo porque só atuamos com base nos resultados que vemos. Ora, se estamos a ter resultados que não queremos (por exemplo, não emagreço) começo a alimentar a crença de “não consigo emagrecer” que, por sua vez, leva a um potencial pouco possibilitador e a uma ação muita condicionada para o insucesso. Esta perspetiva do modelo leva a um círculo vicioso onde impera a expressão “os resultados geram a motivação”, tornando-nos dependentes dos resultados (positivos) alcançados para aí sim, estarmos motivados!
A questão é: de que forma posso alterar as minhas crenças e automotivar-me mesmo quando estou a ter resultados aquém daquilo que quero? Esta é a pergunta de 1 milhão de dólares da motivação pois a partir do momento que cada um de nós passar para um paradigma de independentemente dos resultados eu posso “condicionar” as minhas crenças e automotivar-me, os resultados podem disparar …… literalmente! Esta noção que podemos mudar as nossas crenças e mudar a perspetiva que temos da realidade pode ser um dos maiores presentes que podemos ter na Vida! Este conhecimento é absolutamente extraordinário. Saber que podemos realmente mudar as nossas crenças, principalmente aquelas que são inúteis e permaneceram inalteráveis dentro de nós durante anos. Todos nós temos crenças e muitas delas incapacitam-nos, prejudicam e atrapalham. Todos temos crenças que nos fazem ter medo, insegurança, incerteza, desconfiança … Principalmente de nós próprios!
Agora imaginem os potenciais resultados físicos de alguém que tem crenças limitativas como por exemplo, “nunca emagreci”, “sempre tive esta estrutura avantajada”, “estou a ir para velho e o corpo já não responde da mesma maneira”, “não gosto de suar”, “nunca tive jeito para desporto”, “não consigo manter-me comprometido com os treinos”,… (acho que todos ouvimos estas e outras expressões como estas que têm em comum … não gerar resultados!). O instrutor pode ter incríveis conhecimentos técnicos de treino e a pessoa até pode estar a cumprir o plano de treino, todavia, o seu sistema interno irá “boicotar” os resultados pretendidos uma vez que á um bloqueio criado pela crença limitadora.
Um instrutor (assim como todos aqueles que colaboram nestes espaços de saúde e bem estar) são potencialmente agentes de mudança positiva (esta é uma das minhas crenças!). São pessoas que podem mesmo promover melhores hábitos e vidas mais saudáveis e mais felizes. Para isso acontecer os profissionais dos Ginásios e Health Clubs devem promover duas coisas:
1. Velarem pelas suas próprias crenças e desenvolverem-se pessoalmente no sentido de integrarem (em si mesmo) crenças potenciadoras e assegurarem um elevado nível de congruência junto dos seus alunos/clientes;
2. Serem agentes influenciadores de mudanças e alterações de paradigmas mentais dos seus alunos/clientes.
Aí, acredito eu, a ligação será para toda a Vida! Até porque estamos a falar de resultados e benefícios que não são mensuráveis!
Nuno Silva