viernes, 11 de diciembre de 2015

COMPETÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DO TÉCNICO DE EXERCÍCIO FÍSICO

A profissão de técnico de exercício físico tem vindo a evoluir rapidamente e é cada vez mais percecionada, quer ao nível nacional quer internacional, pelo contributo de liderança na adoção e manutenção de estilos de vida ativa e saudável. Mas, de acordo com Graham Melstrand, vice-presidente do American Council on Exercise (ACE), este reconhecimento acarreta o aumento do escrutínio das qualificações e exigências que se colocam ao técnico de exercício físico.

Para garantir o reconhecimento do técnico de exercício físico pela sua liderança e competência no planeamento, implementação e monitorização de programas de atividade física e de exercício nos contextos do fitness, saúde e desportivo, é fundamental que estes profissionais apresentem qualificações alicerçadas na evidência científica, na prática em contexto real e no seu desenvolvimento pessoal. 

Para manter e melhorar os serviços prestados pelo técnico de exercício físico, é fundamental que o mesmo se mantenha atualizado com o que de mais recente se vai conhecendo relativamente ao estado da arte da sua profissão.

Os desafios profissionais resultam, não só da procura e oferta nesta área do mercado de trabalho mas, também, da evolução científica e tecnológica. A estas juntam-se as alterações das características da população-alvo, as quais incluem não apenas o adulto aparentemente saudável como ainda populações especiais (crianças, idosos, portadores de patologias, praticantes de alto rendimento, entre outros). Encontram-se, assim, criadas oportunidades para a necessidade de técnicos com formação superior em ciências do exercício e da saúde, capazes de corresponder a rigorosos requisitos profissionais.  

Para garantir o reconhecimento do técnico de exercício físico pela sua liderança e competência no planeamento, implementação e monitorização de programas de atividade física e de exercício nos contextos do fitness, saúde e desportivo, é fundamental que estes profissionais apresentem qualificações alicerçadas na evidência científica, na prática em contexto real e no seu desenvolvimento pessoal. 

Esta necessidade tem vindo a ser reforçada através da pesquisa que o American College of Sports Medicine (ACSM) realiza internacionalmente desde 2007, junto de profissionais da indústria do fitness (corporativo, clínico, comunitário, comercial) e de académicos ligados ao fitness, com 10 ou mais anos de experiência no meio. A relevância desta pesquisa tem levado a que, por todo o mundo, os empresários donos de ginásios e academias utilizem estes resultados para obter uma melhor compreensão do posicionamento do mercado e das tendências emergentes. De acordo com os resultados obtidos nos últimos nove anos, a necessidade de profissionais de fitness com formação, certificados e experientes tem ocupado sistematicamente o Top 3 da pesquisa do ACSM. Trata-se, pois, de uma tendência internacional (e nacional, pois Portugal tem feito parte da amostra estudada) que permanece. Mesmo num período em que continua a verificar-se um crescimento exponencial de programas de formação em universidades, institutos superiores e empresas de formação, acreditados por entidades reguladoras, conforme é o caso do Instituto Português do Desporto e da Juventude, esta continua a ser uma necessidade relevante para os profissionais e para a indústria da área. 

À medida que a economia cresce e o mercado dos profissionais de fitness se torna mais competitivo, a formação superior qualificada pode assumir-se como um fator de diferenciação determinante para a entrada no mercado de trabalho e para a progressão na carreira (International Health, Racquet and Sportclub Association, IHRSA, 2015).

Mas, para que tal seja possível, é necessário criar uma articulação real entre as características da procura e a oferta formativa. A auscultação, por parte das instituições formadoras, das necessidades identificadas junto das entidades patronais, relativamente ao perfil pretendido para o técnico de exercício físico, constitui um importante passo nesse sentido. Permitirá adequar a formação superior às necessidades do mercado e aumentar a taxa de empregabilidade dos formandos. Para integrar na formação os inputs recolhidos junto do mercado de trabalho, as instituições de formação podem recorrer a modelos de ensino baseados nas competências que os futuros profissionais deverão apresentar. Para essa finalidade, importa identificar os conhecimentos, habilidades e atitudes a promover no âmbito da formação do técnico de exercício físico, de modo a ir ao encontro das competências pretendidas pelo mercado. A listagem destes parâmetros irá permitir, em seguida, definir os resultados de aprendizagem a atingir pelos formandos. Com base nos resultados de aprendizagem, será possível descrever os conteúdos a abordar na condução do ensino. Basear o ensino na evidência científica deverá ser uma preocupação permanente, tanto na componente teórica, como na prática. Esta abordagem permitirá aplicar de forma criteriosa e fundamentada os saberes e matérias científicas para argumentar as opções de intervenção técnica e de organização das práticas. 

Enquanto preparação para a entrada no mercado de trabalho, importa proporcionar o mais cedo possível o contacto sustentado com a realidade profissional, através da realização de estágios em contexto real. Igualmente importante é, também, a realização e especificidade da avaliação, contemplando as características dos conteúdos abordados: de natureza teórica, teórico-prática ou prática. A adequação da avaliação permitirá verificar se as competências previstas são ou não atingidas. Uma abordagem com estas características coloca o formando no centro da atividade formativa.  Simultaneamente, todas as decisões e intervenções terão sempre como objetivo final a aquisição do perfil de competências adequado às exigências do mercado de trabalho, promovendo a sua empregabilidade. 

Atentas a estas oportunidades profissionais, as universidades, institutos superiores e empresas de formação têm vindo a alargar a diversidade de especializações de carreira na área do exercício e saúde. Compete, pois, às instituições formadoras criar o enquadramento adequado à formação de profissionais de excelência para a intervenção no âmbito das academias, ginásios, saúde, autarquias, entre outros. 

Para manter e melhorar os serviços prestados pelo técnico de exercício físico, é fundamental que o mesmo se mantenha atualizado com o que de mais recente se vai conhecendo relativamente ao estado da arte da sua profissão. Este objetivo deverá ser alcançado através do investimento na formação contínua. A atualização de competências deverá ser uma preocupação de cada técnico de exercício físico, mas também das suas entidades empregadoras. O aprofundamento das competências específicas da área de especialização de cada técnico, permitirá corresponder com um nível de excelência às necessidades e expectativas dos clientes (IHRSA, 2015).

De acordo com as projeções internacionais (IHRSA, 2015), as oportunidades profissionais na área do exercício e saúde vão manter-se competitivas e em crescimento, pelo que a formação superior qualificada tem potencial para: corresponder à exigência crescente dos clientes deste sector; criar/manter novos mercados no fitness que podem aumentar a adesão à prática e incrementar de forma sustentada as receitas; promover a criação e implementação de programas para famílias, crianças e idosos; desenvolver e apoiar programas de saúde e bem-estar direcionados para outras populações especiais, justificando a relevância da continuidade do investimento no sector. Acima de tudo, a principal missão deve ser a de assegurar que os clientes têm acesso a técnicos de exercício físico altamente qualificados, com competências baseadas na evidência e com recursos para a prática segura e eficaz de atividade física. Deste modo, será possível estabelecer padrões de vida ativa e saudável, permitindo-lhes viver em forma! 


Sandra Martins

 
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