Como posso ajudar o meu cliente a cumprir o plano de treinos? Quais os princípios que devo assegurar para criar uma relação que o impele a obter resultados?
Nos dois artigos anteriores tive oportunidade de desenvolver as duas primeiras perguntas do coaching:
1. O que está a acontecer?;
2. O que quero que aconteça?
Estas duas perguntas são especialmente importantes porque nos ajudam a definir de forma clara, descritiva e sem interpretações o ponto de partida e o ponto de chegada do processo de treino de cada um dos nossos clientes do Ginásio. A pergunta que agora deve prender a nossa atenção é: O que posso (EU) fazer agora?
A resposta a esta ação induz a criação de um plano de treinos que nos diz o quê, quando, como, quem, etc., sendo que esta é a parte fácil do processo, uma vez que teremos apenas que abrir a agenda e programar os treinos à medida da disponibilidade e objetivos do cliente. Todavia, todos sabemos que, mesmo com um plano de treinos claro e bem definido, é grande a probabilidade de, passado algum tempo, a assiduidade diminuir e o cumprimento do mesmo plano ficar aquém do inicialmente definido. Para facilitar este compromisso, existem alguns princípios que devemos deixar claros (alguns parecem óbvios e acreditem que não o são na prática!) e utilizá-los como pressupostos para o processo de acompanhamento do plano de treino.
O primeiro ponto tem a ver com a responsabilidade individual. Não é por acaso que o título deste artigo coloca uma pergunta colocando ênfase no “EU” (O que posso eu fazer agora?). Este aspeto é especialmente importante, pois muitas pessoas acreditam piamente que o seu estado de saúde ou o seu estado físico são resultado, essencialmente, de condicionantes externas. Refira-se aliás que já tive oportunidade de assistir a afirmações como “os meus pais já eram assim”, “aquela bola de Berlim é irresistível”, “dá muito trabalho cozinhar refeições saudáveis”, “não tenho tempo para mim”,…. Isto mostra, inequivocamente, que de uma forma inconsciente existem pessoas, e algumas delas são os nossos clientes dos Ginásios, que acreditam que o seu resultado físico é essencialmente motivado por razões externas e que estão para além do seu raio de ação. Face a este cenário, será que consigo elaborar um plano de treino credível, quando o eu cliente acredita que a sua concretização está “fora de si”?
O segundo ponto, que está relacionado com o primeiro, diz respeito à perceção sobre o poder de fazer escolhas ou livre arbítrio e que os seus resultados são, essencialmente, uma consequência dessas escolhas. Este ponto é especialmente importante, pois ouço demasiadas vezes expressões como “tenho que ir ao Ginásio”, “tenho que cumprir o plano de treino”, “tenho que atingir o meu objetivo”.
A ação que implica o verbo “ter” retira-nos a noção de escolha porque nos condiciona a uma perceção baseada na obrigação do “porque tem de ser”. A verdade é que nada “tem de ser”…tudo é uma escolha. Enquanto instrutores, podemos ajudar os nossos clientes a aumentarem a noção de escolha, substituindo o “tenho de” pelo “quero”. Esta simples mudança contribui para que tenham uma maior sensação de “poder”, no sentido em que cai por terra o sentimento de obrigatoriedade em relação ao que quer que seja. O sistema (inconsciente) da pessoa agradece! E este é o momento em que os clientes podem ter um aumento do seu nível de satisfação consciente, porque reconhecem que estão a cumprir um plano de treinos e a “ir atrás” de um objetivo simplesmente porque querem, porque isso é importante para eles!
Um terceiro ponto está relacionado com a mente possibilitadora. Por mente possibilitadora quero dizer ter maioritariamente pensamentos que me possibilitam atingir resultados e ultrapassar obstáculos. Muitas vezes, por vezes demasiadas vezes, o instrutor ouve da parte dos seus clientes expressões como “não consigo”, “não sou capaz”, “isto não é para mim”, “sempre tive dificuldades para fazer isto”. Expressões que são exatamente o oposto de uma mente possibilitadora. Expressões que a nossa mente encontra para nos dar conforto e que ao mesmo tempo nos “protege” de sermos corajosos, audaciosos, ambiciosos e congruentes! O instrutor é muitas vezes um motivador, alguém que ajuda a quebrar crenças limitadoras e a alimentar crenças possibilitadoras, principalmente através de exemplos e feitos realizados por terceiros!
Estes são três princípios que contribuem para o aumento de resultados e o cumprimento de planos de treino. A concretização destes princípios tem implícito que o instrutor vai para além de um mero detentor de conhecimento técnico. Ele também domina competências comportamentais, nomeadamente ao nível do coaching. O coaching garante uma série de competências pedagógicas, ajuda os seus clientes a assumirem a responsabilidade dos seus resultados, a terem noção do seu poder de fazer escolhas e que os próprios (instrutores) podem ser uma fonte de “alimento” à mente possibilitadora dos seus clientes.
Nos próximos artigos revelarei outros princípios importantes para reter e manter os clientes fiéis ao Ginásio e, acima de tudo, ao seu compromisso de obter resultados! Sendo que, em última instância, podemos sempre recorrer à segunda pergunta do Coaching “Qual o teu objetivo?” e ajudar o cliente a conhecer em profundidade a real razão pela qual quer aquele objetivo e de que forma é tão importante para a sua vida!