De modo geral, observa-se que a população mundial tem adquirido hábitos prejudiciais à saúde, principalmente no que diz respeito à má alimentação e estilo de vida sedentário. Mesmo assim, o número de idosos cresce significativamente em diversas regiões do mundo. A principal justificação para este acontecimento contraditório é pautada nos avanços da medicina que acabam por proporcionar medicação e terapias que prolongam a vida da população (FLECK et al., 2003; VECCHIA et al., 2005).
O envelhecimento traz consigo o aparecimento de alterações fisiológicas e funcionais associadas. Observam-se desequilíbrios no sistema motor e cognitivo, perda de massa muscular, ganho de gordura, problemas posturais, diminuição do equilíbrio e flexibilidade. Desta forma a qualidade de vida do idoso é reduzida de forma expressiva (MATSUDO, 2001), e consequentemente o risco de doenças associadas. Por outro lado, há estudos que indicam que uma maior aptidão física está associada à prevenção de doenças e a melhora da qualidade de vida, a qual contribui proporcionalmente para a diminuição da taxa de mortalidade. (RAJESKI et al., 1996).
Importa salientar que a sarcopenia, perda progressiva de força e massa muscular magra, é um dos fatores que influenciam na dependência dos idosos para a realização de tarefas de vida diárias.
Outros estudos indicam a existência de decréscimos na resistência aeróbia (45%), força isométrica de prensa manual (40%), força nas pernas (70%), mobilidade articular (50%), coordenação neuromuscular (90%), ao comparar jovens de 20 anos com idosos de 75 anos (IZQUIERDO et al.,1999; CRUZ-GENTOFT et al., 2010).
Nesta etapa da vida, a prática regular de exercícios físicos tem um impacto bastante positivo na capacidade funcional (MATSUDO & MATSUDO, 1992).
Os efeitos do exercício físico para melhora e/ou manutenção da aptidão física em pessoas mais velhas estão relacionados, principalmente, com o aumento da força muscular, flexibilidade, capacidade aeróbia, redução da gordura corporal, melhoria da coordenação motora e do equilíbrio.
Existem, na atualidade, muitos tipos de práticas corporais que podem ser oferecidas para este grupo populacional, gerando discussões sobre quais as melhores aplicações para a promoção da saúde em relação à adequação de intensidades, frequência e duração, procurando atender às necessidades e objetivos de cada indivíduo (BLAIR et al., 2004).
Os mais citados na literatura são exercícios de treino de força, flexibilidade e resistência aeróbia. Os dois primeiros com a finalidade de modificações morfológicas do aparelho locomotor para que se obtenha maior força e amplitude dos movimentos das articulações. Já os exercícios de resistência aeróbia visam o aumento e manutenção da capacidade do sistema cardiovascular, sendo que a combinação desses três tipos de exercícios tem sido recomendada como auxílio para a redução de gordura corporal (MATSUDO et al., 2000).
Embora os efeitos benéficos dos exercícios físicos, de diferentes intensidades, sejam amplamente apontados pela literatura, tem sido relatado que os exercícios físicos com intensidades mais elevadas apresentam modificações benéficas mais expressivas na força, massa muscular, flexibilidade, resistência aeróbia e redução de gordura corporal, em detrimento de esforços de menor intensidades (KRAMER et al., 2002).
O treino de força de alta intensidade tem apresentado resultados expressivos no que diz respeito ao aumento da capacidade funcional e diminuição do risco de quedas e fraturas (FIATARONE et al., 1990).
O treino intervalado de alta intensidade (High intensity intervals training - HIIT) tem demonstrado resultados positivos no aumento da aptidão física (BILLAT, 2001) e treino desportivo para pessoas de todas as idades.
Didaticamente, os HIIT podem ser classificados como aeróbios e anaeróbios.
Os esforços aeróbios são organizados de acordo com a sua duração:
- Até 2 min são denominados como de curta duração
- Acima de 2 min são denominados de longa duração
Já os esforços anaeróbios podem ser categorizados de duas maneiras:
1. quanto à carga de trabalho: fixa ou all-out
2. quanto à duração: curta de 10 a 15 segundos, média de 15 a 45 seg e longa superior a 45 seg (BILLAT, 2001).
Os exercícios de altas intensidades têm sido utilizados com maior frequência nos últimos anos para manutenção e aumento da força muscular e flexibilidade em idosos. De um modo geral, há estudos a indicar que indivíduos da terceira idade conseguem suportar cargas de treino de alta intensidade com relativa facilidade e apresentam um aumento na flexibilidade devido ao fortalecimento muscular, já que os fatores relacionados à flexibilidade estão diretamente associados com a melhoria da manutenção da força e da resistência muscular (DANTAS, 1998).
Os exercícios de intensidades mais elevadas também se têm mostrado bastante efetivos para melhoria da resistência aeróbia de pessoas mais velhas. Os estudos sobre o efeito desse tipo de treino na resistência aeróbia em idosos apontam aumentos significativos do VO2 máximo, o que contribui para diminuição de episódios de cansaço, redução da tensão arterial, desenvolvimento de maior autonomia para realização das tarefas diárias e, consequentemente, melhor qualidade de vida (AMORIM & DANTAS, 2002; HAGERMAN et al, 2000).
Entre os diversos programas de exercícios físicos voltados à população idosa, o HIIT apresenta-se como proposta inovadora e efetiva para proporcionar melhorias na saúde, aptidão física, força muscular e emagrecimento.
Além dos benefícios demonstrados, destaca-se que a prática do HIIT pode ser mais estimulante e promover maior adesão dos praticantes, por necessitar períodos de treino reduzidos – fator importante pois a falta de tempo é uma das barreiras mais citadas como entrave para a prática regular de atividade física (METCALFE et al., 2011).
Existem ainda poucos estudos publicados utilizando o HIIT para idosos, porém os resultados apresentados até ao momento são superiores ao serem comparados aos chamados "exercícios tradicionais". É importante salientar que, sabendo das consequências do envelhecimento para a saúde e qualidade de vida, além do exponencial crescimento da população idosa, alternativas que minimizem estes agravantes devem ser pensadas e propostas.
NOSSA MISSÃO É MELHORAR A VIDA DAS PESSOAS!
Leandro Silva