Para muitos autores, o lançamento do livro “The Inner Game of Tennis” em 1974, de Timothy Gallwey, professor e treinador de ténis, é considerado por muitos o marco fundamental para o início do Coaching como o conhecemos hoje.
Começemos então por conhecer o interessante trajecto que o termo Coaching percorreu. Inicialmente desenvolvido num contexto desportivo, foi começando a ser adoptado pelo contexto empresarial, tendo mais recentemente voltado a ser reconhecido como um importante pilar do desenvolvimento na área desportiva.
O processo de Coaching pode ser explicado de forma muito directa procurando a resposta a 3 simples perguntas:
- O que está a acontecer?
- O que quero que aconteça?
- O que preciso de fazer agora?
O início do processo de Coaching procura responder à primeira pergunta, ajudando o Coachee (o beneficiário do processo de Coaching) a fazer um diagnóstico descritivo do seu estado actual, ou seja, o seu ponto A. Isto é o mesmo que dizer que se tivermos em conta o contexto do fitness e, por exemplo, o início de um processo de Coaching entre instrutor e aluno, aquilo que o instrutor vai fazer é orientar o aluno no seu auto-diagnóstico do estado físico com o objetivo de aumentar o seu nível de consciência da sua situação actual. Sendo o processo de Coaching uma viagem entre o ponto onde (A) estamos e o ponto onde queremos estar (B), o início do processo passa por definir de forma clara o ponto de partida.....sendo que ,só isso, pode apresentar alguns desafios.
Vamos imaginar que tenho um cliente que chega ao meu Ginásio ou Clube e que tem pouca percepção sobre o seu estado físico. Tem pouco auto-conhecimento sobre o seu corpo, as suas limitações e capacidades. Não sabe qual o seu peso ideal, ritmo cardíaco, massa corporal, ... Se lhe perguntassem qual o “cenário” actual da sua condição física ...respondia “que condição física?”
Este cenário apesar de parecer um pouco irreal é a mais dura realidade em relação ao nível de consciência que grande parte da população portuguesa tem da “componente” física. Segundo uma sondagem Eurobarómetro recentemente publicada, 64% dos portugueses raramente pratica exercício ou faz desporto (na União Europeia esse indicador é de 59%).
Fazendo a transposição para um contexto de Coaching, isto é o mesmo que dizer que com a actividade física quero chegar a um determinado objetivo ou “destino” (B) sem sequer saber onde estou. Como posso decidir como ir para Paris se não sei se estou no Porto ou em São Paulo?
O Instrutor/Coach é alguém que vai ajudar a traçar um caminho (e não fazer esse caminho). Que tipo de indicações este poderia dar ao seu Aluno/Coachee se este lhe ligasse a perguntar como poderia ir para determinado sítio se não soubesse onde estava. A primeira coisa que o instrtutor ia tentar obter seria alguma informação sobre o o local onde este estava para então lhe poder começar a dar indicações.
Muitas vezes, o insucesso do processo de Coaching, e também do acompanhamento dos instrutores em relação aos seus alunos, resulta do facto de não dedicarmos tempo suficiente a perceber o que está a acontecer nesse momento, que tipo de resultados físicos o aluno está a ter agora. E esse é o ponto de partida de todo um processo que vai potenciar resultados sustentados e em relação aos quais o processo de Coaching é, sem dúvida, um importante contributo. A melhoria da performance física é tanto mais possibilitadora quanto mais for sustentada numa importante estrutura mental que nos dê fortes referências de onde estou, para onde quero ir e como hei-de lá chegar. O processo de Coaching, como explicitarei nos próximos artigos, é antes de mais assumir um forte compromisso em relação aos resultados pretendidos. Quais resultados? Aqueles que são realmente importantes para o Aluno/Coachee!