viernes, 1 de mayo de 2015

PERIGOS DA RUMINAÇÃO OBSESSIVA

Quem controla a sua reação, Controla a sua situação.
Todos nós já ouvimos um disco riscado que está sempre a repetir a mesma música. Mas uma coisa é a música ser boa e outra bem diferente é se for desagradável. Pois bem, o ato de ruminação é como um disco riscado que reproduz o mesmo tema desagradável na nossa mente. Um disco mental que repete os mesmos pensamentos até nos fartar.


As ruminações são pensamentos cíclicos que reverberam no nosso cérebro sem que os possamos parar ou excluir. Repetem-se e andam à volta das nossas conversas, relações, sentimentos, expressões, comportamentos e erros que ocorreram no passado. Quando as ruminações são de tal forma obsessivas e que não permitem ao individuo deixar de pensar nos assuntos, então, entramos num transtorno psíquico anormal.

Na verdade, uma ruminação pode ter como origem um qualquer problema que aconteceu com a pessoa no passado mas, geralmente, será um assunto desagradável e que provoca episódios repetidos de ódio e raiva. Poderá ser um problema com o campanheiro/a ou um tratamento injusto por um colega ou chefe. A questão continua às voltas na cabeça da pessoa sem que ela possa estabelecer uma explicação ou solução definitiva e, portanto, vive em permanente estado de stress.

O processo é cansativo e, paradoxalmente, o indivíduo acaba por se sentir-se mal e bem, ao mesmo tempo. É uma sensação boa porque muitas pessoas gostam da punição por lembranças de eventos que lhes causou dor emocional. Paradoxalmente, o indivíduo neurótico gosta e desfruta quando lhe acontece algo que o faz sofrer. Os pensamentos que as ruminações transportam para o presente desde o passado trazem consigo toda uma bagagem enorme de memórias e emoções tóxicas que tinham de ser deixadas onde estavam.

A palavra "ruminação" tem sua origem o processo digestivo dos animais ruminantes que ingerem e engolem rapidamente os alimentos para fazer uma pré digestão e poderem amolecer. De seguida, regurgitam lentamente o alimento desde o estômago até à boca e mastigam-no melhor.

Da mesma forma que os animais ruminantes, os seres humanos, por vezes, absorvem demasiado depressa certos processos emocionais que psiquicamente não foram digeridos, processados, metabolizados ou aceites na íntegra. A essência deste processo é que não foi possível, ou não se soube, processar a experiência adequadamente e, por consequência, não foi possível fornecer uma explicação ou um significado satisfatório.


Sempre que se rumina sobre um tema potencia-se a sensação de stresse, deficiência, baixa auto-estima e impotência. Tudo isto produz ódio e raiva contra a presumível pessoa ou alegada situação. Mesmo que a pessoa esteja a caminhar ao longo de uma praia sob um sol escaldante, o ódio e raiva criado pela ruminação serão direccionados para o interior da pessoa privando-a da experiência agradável do momento e predispondo-a para um quadro depressivo.

Uma vez que o cérebro de mulheres é mais adequado para lidar com as relações humanas, o sexo feminino tende mais para a ruminação do que o Homem. Como nas relações humanas abundam frequentemente os paradoxos e as ambiguidades, as mulheres preocupam-se mais em tentar que funcionem o melhor possível. Nunca se sabe o que o outro pensa, se é honesto, mentiroso, infiel, falso ou autêntico. Por isso, os relacionamentos interpessoais são o combustível mais inflamável e idóneo para a ruminação.

Como não se pode pretender dominar o presente sem ter dominado o passado, para acabar com a ruminação é preciso, primeiro, acabar com a ansiedade, raiva, ressentimento e a base da obsessão. Todo o pensamento negativo deve ser imediatamente removido e substituído por outro de ordem positiva, podendo este ser qualquer coisa, desde praticar uma actividade física, ler um livro, fazer crochê ou mantra.

Seja qual for o caso, o diálogo interno inútil aparece uma ou outra vez nas nossas mentes e com ele chega o sentimento de ódio e raiva que se gera, que, por sua vez, liberta adrenalina e noradrenalina, e predispõe a pessoa a sofrer aumentos da frequência cardíaca, arritmias e ataques cardíacos, aumentos da tensão arterial e acidente vasculares cerebrais. O processo também está associado a uma variedade de transtornos mentais como depressão, ansiedade, obsessões e compulsões, stress pós-traumático, alcoolismo, atracções alimentares e uso e abuso de substâncias.

Para contrariar estes efeitos, por vezes, são necessárias sessões de psicoterapia para ajudar a pessoa a conciliar-se com os seus pensamentos distorcidos e mal tratados. Dependendo da gravidade dos sintomas, tais sessões podem ser complementadas com medicamentos tipo ISRS (inibidores selectivos da Recaptação da Serotonina), ou outros, cujos efeitos positivos sobre os níveis cerebrais de serotonina e outros neurotransmissores reduzem os sintomas e interferem sobre a continuidade dos ciclos reverberantes.

No caso de continuar sem correcções, a ruminação reproduzirá situações do passado de abuso e desprezo mas desta vez o abusador é a própria pessoa. Neste caso, tem que deixar que a natureza, a moralidade e a própria consciência combater as pessoas pobres causadoras dos distúrbios assim como com as suas ações e estabelecer uma distância emocional segura. Pelo contrário, é bem possível que a autopunição nos prive da nossa saúde e felicidade.


Mas uma coisa é clara. Aqueles que nos odeiam e sentem raiva de nós nunca vencerão, a menos que também reajamos com ódio e raiva, reciprocamente. Na maioria dos casos, isso é exatamente o que essas pessoas querem. Se conseguirem estimular e desenvolver a nossa raiva e ódio e com isso inverter o sentido, então terão triunfado no seu propósito de amargurar-nos a nossa vida através de um processo de autodestruição. Precisamente aqui, neste curto e simples conceito, radica a essência e a razão para terminar para sempre com a ruminação.

Lembre-se: quem controla a sua reação, também controla a sua situação. A decisão cabe a si…

Guillermo A. Laich De Koller

 
Gym Factory Portugal © 2014 gymfactory.net & Gym Factory . ...