Numa altura em que as pessoas
cultivam, mais do que o corpo, o bem-estar e a saúde, a prática de exercício
físico/treino é frequentemente complementada com a prática de uma alimentação
saudável. Procuram-se, não só alimentos alternativos, optando-se muitas vezes
por uma alimentação biológica, mas também por “novos” métodos de treino,
obtendo-se, da simbiose entre ambos, energia para enfrentar o dia-a-dia e o stress da vida moderna. Neste contexto,
não é, pois, de admirar que Personal
Trainer seja uma das profissões mais apetecíveis do momento, já que a
procura por treinos personalizados tem vindo a aumentar consideravelmente no
nosso país. Aliás, a indústria do fitness,
por si só, gera cerca de 25 biliões de euros em todo o mercado europeu.
Baseando-me na minha experiência como Personal Trainer e apoiando-me
em vários estudos que fiz ao longo dos últimos dez anos, reflectirei, de
seguida, sobre as razões que levam alguém a procurar a ajuda de um profissional
do treino e darei dez bons motivos para se treinar na companhia de um.
Aqui há uns tempos atrás e ncontrei, por mero acaso, um velho conhecido. Um amigo que
não via há cerca de dez anos. Lembro-me de uma das últimas vezes que nos
encontrámos. Eu acabado de entrar para o mundo do Personal Training, ele um
céptico convicto em relação ao mesmo. Passado este tempo todo, espantei-me ao
ver que o ditado se confirma e há, de facto, coisas que não mudam. Das
perguntas rotineiras de quem não se vê há uma década ao comentário estupefacto
do «Mas ainda continuas a trabalhar como PT?» foi um ápice. Disse-o com o tom
de quem acredita ser impossível fazer-se carreira do fitness. Como se, em Portugal, e dada a crise que todos os dias nos
esvazia os bolsos, não fosse compatível ter uma família (como eu tenho!) e
trabalhar como Personal Trainer. Na
sua opinião, não há muito quem recorra aos serviços de um Personal Trainer no nosso país. Cada vez mais as pessoas cortam no
supérfluo e o ginásio (pior ainda o PT) é das primeiras despesas a eliminar.
Continuou, afirmando que ninguém precisa verdadeiramente de um PT, que não há
nada que se faça com um PT que não se possa fazer sozinho. Qualquer pessoa pode
perfeitamente fazer um treino por conta própria, até mesmo ao ar livre num dos
muitos circuitos que hoje já existem para o efeito. Respondi-lhe de forma breve
que me considero a prova viva de que é possível viver do fitness e do treino personalizado no nosso país e que conheço
centenas de casos que corroborariam este facto. E quanto a treinar sem ajuda de
um profissional, disse-lhe, sim!, é perfeitamente viável, todavia não é a mesma
coisa, pois não? Desculpei-me por estar cheio de pressa e despedi-me, um pouco
cansado com este tipo de conversa e aproveitando o facto de ter um treino para
dar.
Não voltei a pensar neste encontro até me terem convidado há umas
semanas atrás para escrever este artigo sobre o treino personalizado. Refiz
todo aquele episódio na minha cabeça e pensei em todos os argumentos que
poderia (e talvez devesse!) ter dado em prol da minha profissão. E a verdade é
que os motivos pelos quais continua a ser pertinente treinar com um Personal Trainer são muitos e bons. Aliás, não é à toa que na edição online da Visão do dia 10 de Abril de
2014 a profissão de Personal Trainer
apareça no Top 10 do ranking das
profissões com maior empregabilidade. Mesmo em tempos de crise!
Fazendo uma retrospectiva de todos os anos em que me dediquei, mais do
que a esta profissão, a pessoas, relembro todos os clientes a quem já tive o
prazer de treinar. Pessoas diferentes, com histórias de vida muito distintas e
nem sempre movidas pelas mesmas razões. Apercebo-me agora de que de há dez anos
para cá só um punhado dos meus clientes é que se mantém inalterado, sendo que
os que treinam comigo há mais tempo fazem-no precisamente de há dez anos para
cá. Os outros vão e vêm, treinando comigo apenas por períodos de tempo mais ou
menos prolongados conforme os objectivos a que se propuseram inicialmente. Em
ambos os casos as razões pelas quais procuram um PT são muito semelhantes. Habitualmente
pretendem perder peso rapidamente, ou porque têm o casamento marcado para breve,
ou alguém a quem impressionar ou simplesmente porque depois da gravidez
acumularam uns quilos que gostariam de perder. Há ainda quem procure os nossos
serviços para recuperar de uma lesão ou simplesmente obter confiança e
conhecimento para treinar a posteriori a
solo. Determinados problemas de saúde (tais como dores lombares ou hérnias
discais) são também fortes impulsionadores da procura de ajuda na área do
treino.
Independentemente do porquê da motivação para treinar, há dez bons motivos
para o fazer com um PT:
1)
O treino será específico,
tendo em conta os objectivos traçados;
2)
Será também adequado às
características e condicionantes físicas do cliente;
3)
Será mais seguro e correcto,
evitando-se lesões por sobre-uso devido a execuções técnicas incorrectas;
4)
Será diversificado, não
incorrendo assim na monotonia;
5)
O cliente beneficiará de aconselhamento nutricional de forma a maximizar
resultados;
6)
Beneficiará ainda de uma voz
motivadora e encorajadora, que o incitará a continuar o bom trabalho;
7)
Testará os seus limites e
ultrapassá-los-á;
8)
Não «deixará para amanhã o
treino que pode fazer hoje», pois tendo o compromisso com o PT, não falhará;
9)
Melhorará a sua performance desportiva, e
10) Atingirá os seus objectivos de forma mais rápida, eficaz e duradoura.
Daqui concluo, com orgulho, que toda a
gente, incluindo o amigo que não via há anos e de quem falei no início, precisa
da ajuda de um profissional do treino para treinar com mais qualidade e atingir
melhores resultados. A verdade é que há inúmeros exercícios que a maioria das
pessoas (não técnicas) não pode fazer desacompanhada, já
para não falar nos exercícios que pura e simplesmente desconhece e que
poderiam até ser os mais indicados para alcançar os objectivos que pretende. É
quase como se eu, perante um determinado sintoma, resolvesse medicar-me, sem
consultar um especialista e sem ter conhecimentos suficientes para tal. Se não
sofresse os efeitos dessa decisão irreflectida a curto prazo, senti-los-ia, sem
dúvida alguma, a longo prazo. Exactamente o mesmo se pode dizer em relação ao
treino. Não se tendo experiência a este nível e não se sabendo exactamente o
que se está a fazer, o preferível é sempre começar com acompanhamento. Ou «o
corpo é que paga».
Personal Trainer é, de facto, uma profissão do presente e com futuro.
Dipanda Vilhena e Silva