jueves, 30 de abril de 2015

CONQUISTAR OU SER CONQUISTADO?

CONVERSÃO DE ATITUDE MARCA VS PROFISSIONAL DE EXERCICIO 
No nosso dia-a-dia em contato com o mercado de Fitness de norte a sul do país, encontramos duas faces de uma mesma realidade. Se por um lado, os gestores e donos dos clubes lamentam não haver profissionais qualificados, por outro, os técnicos do exercício falam da falta de valorização por parte dos primeiros, que a troco de recompensas monetárias inferiores ao expectável, lhes atribuem funções que saem do âmbito das suas competências. 
A marca que melhor se consegue preparar para os desafios do novo mercado do Fitness com equipas motivadas, financeiramente recompensadas, com capacidade para desenvolver o seu pleno potencial e sem sentir necessidade de abrandar face à limitação de recursos humanos, é a marca-escola.  


Este artigo, através da nossa experiência e das diferentes Marcas e Profissionais que encontramos, procura dar a conhecer de que forma a atitude de uns e de outros pode fazer a diferença quando se procura encontrar a estrutura necessária para alcançar o sucesso. 
Tendo por base o acompanhamento de mais de 100 marcas de ginásios e Health Clubs por todo o país, podemos afirmar que somos confrontados várias vezes com esta realidade: Donos de clubes com dificuldade em encontrar profissionais que sejam uma mais-valia para a marca e profissionais que não se sentem valorizados e reconhecidos pelo mercado de Fitness.  


É frequente encontrarmos no mercado três tipos de marcas distintas: 

MARCAS-ESCOLA - “Tu ainda não sabes, Eu vou ensinar-te!” - estas marcas selecionam um padrão específico de colaboradores para as diversas áreas e internamente moldam-nos a si. Algumas destas marcas têm esta característica tão vincada que, só pelo facto de um candidato trazer esse nome no currículo, lhe dá um certificado de garantia profissional. 
São altamente atrativas para os profissionais pois estes sabem que a formação disponibilizada e o conhecimento adquirido lhes permitirá ascender internamente na empresa e/ou abrir portas no mercado de trabalho. Têm geralmente plena noção do seu potencial de crescimento e cada novo elemento é recrutado com um objetivo específico e explícito. Toda a máquina se move em função dos objetivos delineados.  
São atualmente as marcas com maior cultura de crescimento e as que trabalham na estratégia e objetivos a 2 e 3 anos.  

MARCAS-AUTORIDADE- “Tu ainda não sabes, Tu não serves!” – são marcas em que os líderes estão geralmente ligados à área do Fitness e procuram os mais completos e melhores técnicos do exercício. Uma vez que estes não abundam no mercado com disponibilidade, quando estão disponíveis, fazem valer o seu valor. 

Estas marcas correm o risco de serem “castradoras” porque o elevado conhecimento da área, por parte de quem tem o poder de decisão torna-se, por vezes bloqueador do processo de recrutamento e construção de equipas. Têm noção do seu potencial de crescimento apesar de, na sua maioria, abdicarem deste por falta de recursos humanos e estrutura que lhes permita crescer. 

MARCAS-BOMBEIRO - “Tu sabes pouco, e eu ainda sei menos!” Estas marcas reagem às situações que aparecem e situam-se algures num espaço entre as duas anteriores. A equipa de profissionais do exercício é escolhida em função das horas de sala disponíveis e necessidades de aulas no mapa.  
Não são escola, nem são autoridade. Vão absorvendo um pouco de ambas e, muitas vezes, são os profissionais recrutados que acabam por trazer à marca algum conhecimento resultante de experiencias anteriores e que adaptam à nova realidade. Estas marcas caraterizam-se pela falta de personalidade e a maioria não têm noção do seu potencial de crescimento. 
Destas diferentes realidades, a marca que melhor se consegue preparar para os desafios do novo mercado do Fitness com equipas motivadas, financeiramente recompensadas, com capacidade para desenvolver o seu pleno potencial e sem sentir necessidade de abrandar face à limitação de recursos humanos, é a marca-escola.  
Como tornar uma marca em Marca-Escola? 
Para uma marca se tornar escola necessita de uma estrutura que permita: 
  • Definir a função e objetivo específico de cada elemento a recrutar; 
  • Formar todos os colaboradores com os valores, visão e missão da marca; 
  • Integrar todos os colaboradores nos diferentes departamentos e promover a união da equipa como um todo; 
  • Familiarizar todos os colaboradores com as práticas diárias, (funcionamento do clube e “viagem” do cliente, desde o momento que entra até ao momento que sai do clube); 
  • Organizar a agenda de todos os colaboradores de modo a que se sintam úteis e minimizem os desperdícios de tempo; 
  • Acompanhar diariamente todos os colaboradores por forma a ajudá-los no sucesso individual e em grupo. 
  • Mas, se de um lado temos as marcas, do outro temos os técnicos do exercício e, se antes um bom currículo era suficiente para se vingar no mercado de trabalho, hoje em dia a exigência vai muito para além do conhecimento e da técnica.  

Também aqui a nossa experiência demonstra que são vários os tipos de profissionais que podemos encontrar: 
Os MULTI-GYM - “Eu até fazia, mas não tenho mais tempo…” 
São profissionais experientes que trabalham em vários sítios, como tal acabam por não ter sucesso em lado nenhum e fazem apenas o básico em cada marca; 
Os COMFORT-ZONE - “Isso é tudo muito bonito, mas aqui não funciona!” 
São profissionais experientes que trabalham na mesma marca há muito tempo e, geralmente, completamente acomodados, extremamente resistentes à mudança, não saem da sua zona de conforto; 
Os WEIT (What Ever It Takes) - “Mostra-me como e eu faço acontecer!” 
São profissionais muito ou pouco experientes com imensa vontade de aprender e de investir quando se sentem motivados; Os TEACHERS - “Eu já faço isso com todos!” 
São profissionais que acreditam que a sua função exclusiva e obrigação é ensinar e ao cliente não deve ser cobrado nenhum serviço adicional, mesmo quando é fundamental maximizar os seus resultados. 



A marca que melhor se consegue preparar para os desafios do novo mercado do Fitness com equipas motivadas, financeiramente recompensadas, com capacidade para desenvolver o seu pleno potencial e sem sentir necessidade de abrandar face à limitação de recursos humanos, é a marca-escola.  

De todos estes, os que trazem maior potencial de desenvolvimento e que mais rapidamente se enquadram em qualquer equipa são os WEIT. Os WEIT dominarão o futuro pois estas características permitem-lhes evoluir na carreira e aumentar o vencimento mensal. Aqueles que não se adaptam às novas exigências de mercado terão constantemente o desafio do baixo salário e falta de progressão. Para a adaptação é necessário que: Ter disponibilidade de tempo, sendo que disponibilidade de tempo não tem a ver com quantas horas passam no clube, mas sim com quantas horas passa no clube em atividade, que poderá ser de retenção, comercial, dar aulas, fazer horas de sala e sessões de treino personalizado.  
  • Investir na marca demonstrando interesse em perceber o seu funcionamento; 
  • Aceitar novos desafios;  
  • Ser proactivos em acrescentar valor para a marca, procurando resultados;  
  • Criação de valor para o cliente, aceitando que a permanência deste na marca está diretamente relacionada com quantas utilizações do clube é capaz de promover. Isto não tem só que ver com o sorriso e a simpatia mas antes com aquela venda do treino acompanhado, tão desconfortável para ele, mas que sem dúvida é a melhor solução para o cliente e a razão que o leva a ficar satisfeito e por tempo indeterminado. 
A harmonia e convergência de interesses entre marca e staff é um dos principais fatores de sucesso das marcas em crescimento, marcas que conseguem conquistar o mercado. Por outro lado, as marcas em dificuldade tem neste ponto o mais grave dos problemas. 



Como conclusão, baseados na nossa experiência podemos afirmar que perante as exigências do mercado actual, as marcas de sucesso têm que investir em profissionais competentes e multifacetados, proactivos em alargar o leque das suas competências e que apostem nos resultados do cliente como criação de valor para a marca e para si próprios, enquanto profissionais de excelência. 

Ana Luisa Soares

 
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