A “curva de aprendizagem” de uma empresa é o processo
através do qual a empresa vai adquirindo experiência e conhecimentos que le
permitem conseguir melhores resultados com menor custo e esforço. A curva de
aprendizagem leva a que as empresas vão melhorando os seus processos para se
tornarem mais eficientes e mais eficazes. No fim, isso traduz-se num melhor
resultado económico.
Toda a empresa
deveria traçar como objectivo acelerar a sua curva de aprendizagem para poder
melhorar a sua competitividade e os seus resultados, ano após ano.
Subjacente a todo
este processo de aprendizagem há melhoras em procedimentos, no próprio modelo
de gestão e na organização interna da empresa. As perguntas chave são: Qual é a
curva de aprendizagem da sua empresa? É uma curva rápida ou uma curva lenta?
Realizou a sua empresa mudanças substanciais em procedimentos, em organização
ou em gestão? Melhora a sua empresa alguns aspectos chave de funcionamento cada
ano que passa ou é uma empresa estática e com poucas mudanças?
Em 2012 publicámos
o “Estudo WSC-Precor sobre o nível de gestão nos clubes de fitness de Espanha”
e pudemos comprovar que o modelo de gestão das cadeias ou grupos de clubes era
superior ao dos clubes independentes. O motivo principal para esta diferença
está no facto de as cadeias terem uma curva de aprendizagem mais rápida que os
clubes independentes, o que, com o decorrer dos anos, se traduz numa melhor
gestão e melhores resultados de exploração.
Para entendermos
porque é que isto se passa, temos que analizar como aprendem as empresas. Há
três fontes de aprendizagem para as empresas:
· * Experiências próprias: todos os clubes de
fitness aprendem com a experiência que vão acumulando no seu dia-a-dia. No
entanto, nem todos aprendem com a mesma velocidade. As empresas centradas em
apagar fogos e com visão a curto prazo, dificilmente podem aproveitar com as
experiências que têm. Passam por elas sem que se traduza numa aprendizagem e,
portanto, em vantagem competitiva.
· * Experiências de outros clubes: estas
experiências podem ser da concorrência ou de outros clubes afins do próprio.
Quanto maior é a relação com esses clubes, mais fácil é compartilhar
experiências e aprender uns com os outros. Este é um dos motivos pelos quais as
cadeias têm uma curva de aprendizagem mais rápida que os clubes independentes,
já que aprendem com muitos clubes de cada vez.
· * Diferentes interpretações de uma mesma experiência: nem todos os clubes estão igualmente atentos a essas experiências nem
têm a mesma capacidade para analisá-las, para gerar mudanças e melhorar a
partir delas. Em geral as empresas com uma cultura aberta e participativa e que
contam com equipas multidisciplinares têm uma maior capacidade de analisar as
experiências e de chegar a soluções criativas. Isto leva a outro ponto a favor
das cadeias, que costumam contar com equipas maiores e com estruturas
centralizadas dedicadas à análise de dados e à melhoria contínua.
No gráfico podemos
ver a curva de aprendizagem de dois clubes diferentes. O clube A tem uma
aprendizagem rápida no início, o que é normal, já que inicialmente é quando é
mais fácil melhorar muitos aspectos de funcionamento do clube. A partir daí,
segue com uma curva de aprendizagem ascendente, se bem que a velocidadde dessa
aprendizagem é cada vez mais lenta. Com o decorrer dos anos, vai custando cada
vez mais melhorar o funcionamento do clube, mas as pequenas melhorias que
ocorrem somam-se às anteriores e podem ser muito importantes para garantir a
competitividade futura.
O clube B tem uma
curva de aprendizagem parecida inicialmente ao outro clube, mas com uma
velocidade menor. Essa menor velocidade na aprendizagem costuma ser provocada
por algum dos três factores que acima comentámos. Além disso, observa-se que
este clube chega a um patamar de aprendizagem ao 7º e 8º ano e a partir daí
começa inclusivamente a desaprender. Há clubes que com o tempo se tornam menos
eficazes e pioram nos seus processos e modelos de gestão. Este é um sinal de
“queima” das equipas directivas que acaba relaxando a pressão sobre os
objectivos e gerando uma perda de controlo sobre a empresa.
CURVA DE
APRENDIZAGEM (2)
O gráfico destes
dois clubes é obviamente um modelo teórico para representar a curva de
aprendizagem de uma empresa, mas na realidade a aprendizagem é algo de mais
desorganizado. Além disso, como o mercado, a concorrência e o consumidor mudam
constantemente, há ocasiões em que as empresas tomam decisões que implicam
grandes mudanças organizativas e de modelo de negócio, o que pode provocar uma
aceleração na curva de aprendizagem, como vemos no gráfico seguinte. Esse salto
na aprendizagem que se observa no 8º ano do gráfico costuma responder a grandes
mudanças na ambiência. Por exemplo, com o aparecimento do fenómeno low-cost,
alguns clubes viram-se obrigados a fazer mudanças substanciais nos seus modelos
de negócio, o que se traduziu num grande desafio mas também numa nova
aprendizagem.
CURVA DE
APRENDIZAGEM (2)
Toda a empresa
deveria traçar como objectivo acelerar a sua curva de aprendizagem para poder
melhorar a sua competitividade e os seus resultados, ano após ano. Eis algumas
das ideias que podem ajudar a acelerar a curva de aprendizagem de um clube de
fitness:
· * Tenha clara a Missão e Visão da
sua empresa, já que isso o ajudará a ter a equipa concentrada na direcção a
seguir. É mais fácil surgirem ideias quando a direcção na qual nos devemos
focar está bem definida.
· * Crie uma equipa directiva de
confiança que seja o motor da sua empresa e que procure a melhoria contínua.
· * Faça a gestão do seu negócio na
procura do equilíbrio entre o dia-a-dia e o médio e longo prazo. O “importante
e não urgente” deve ter cabimento na agenda da equipa directiva.
· * Envolva todos os colaboradores na
melhoria do clube. Levo-os a pôr o cérebro a trabalhar. Peça opiniões, recolha
ideias, compartilhe dados e passe tempo com eles para procurar solucões.
· * Crie uma rede de contactos com
outros clubes que estejam dispostos a compartilhar informação e ajudarem-se
mutuamente.
· * Participe em formações e eventos
do sector para estar actualizado com mudanças e tendências que surgem, tanto ao
nível dos produtos como ao nível da gestão.
· * Aprenda também com os clientes; as
suas opiniões são muito valiosas para conhecer quais os aspectos que são
importantes e requerem mais recursos, e que outros são prescindíveis.
· * Tenha um bom Quadro de Controlo
que reflicta os indicadores chave do seu negócio e que lhe permita saber com
segurança em que aspectos está a conseguir melhorias concretas.
Autor: Pablo López De Viñaspre.
Autor: Pablo López De Viñaspre.