lunes, 9 de junio de 2014

ORTOREXIA

Entre os anos de 1970 e 1990 ocorreu uma explosão nas ciências da nutrição no desporto e exercício, especialmente no que se refere aos suplementos naturais, distinguindo o que era considerado alimento saudável e não saudável. Os ‘não saudáveis’ possuem altos teores de gordura saturada e colesterol, sendo diretamente a causa para inúmeras doenças do foro cardiovascular; o açúcar, por causar caries e diabetes tipo 2; o sal, por causar retenção de líquidos e hipertenção; por fim, os edulcorantes artificiais, por estarem ligados ao surgimento de certos tipos de cancro.

Nota: Ortorexia nervosa é a obsessão patológica por ingerir exclusivamente alimentos saudáveis. O conceito ortorexia provem do grego “orthos” que significa “correto” e “orexis” que significa “apetite”. Literalmente significa “apetite correto”. O conceito é semelhante ao de anorexia, isto porque tem o mesmo final – “orexis” – “apetite”.




Surgiu então, entre os anos 70 e 90, um grupo cada vez mais numeroso de aficionados da saúde, que comiam apenas aquilo que fosse mais saudável. Estes tinham boas intenções, e inicialmente só tinham como meta reduzir a ingestão de carnes vermelhas, por exemplo. Contudo, com o passar do tempo, tornavam-se obsessivos e excluiam definitivamente a carne vermelha da sua dieta, todos os alimentos processados e, finalmente, passavam a comer somente determinados alimentos que haviam sido preparados de uma maneira altamente especifica. Este comportamento obsessivo respeitante à comida saudável corresponde a um transtorno de alimentação conhecido como ortorexia nervosa.

Ortorexia nervosa é a obsessão patológica por ingerir exclusivamente alimentos saudáveis. O conceito ortorexia provem do grego “orthos” que significa “correto” e “orexis” que significa “apetite”.

Os sintomas e consequências da ortorexia nervosa podem caracterizar-se por obsessões respeitantes a uma alimentação saudável, desnutrição e, em último caso, morte por inanição. Quem sofre deste transtorno manifesta desejos incontroláveis de ingerir este tipo de comida quando estão nervosos, emocionados, felizes, ansiosos, angustiados.

Este transtorno, do mesmo modo que a anorexia e a bulimia nervosa, representa uma séria alteração na conduta alimentar. A atitude obsessiva de consumo baseia-se numa fixação acerca da qualidade dos alimentos. De facto, os doentes dedicam a mesma quantidade de tempo e energia a pensar nos alimentos como uma pessoa anoréxica ou bulímica.

Embora a anorexia nervosa esteja associada a um excesso de controle de impulso, a bulimia nervosa está associada com uma falta de controlo dos impulsos. A ortorexia por sua vez, tem um pouco dos dois, isto é, um excesso e um défice de controlo de impulsos simultaneamente. A grande diferença reside no facto de, ao contrário da anorexia e bulimia, a ortorexia ainda não se encontrar classificada como transtorno mental oficial em DSM 5.

A ortorexia não apresenta os mesmos perigos psicopatológicos e fisiopatológicos que a anorexia e bulimia nervosa. Contudo, a sua natureza restritiva pode servir como ponto de partida para uma destas patologias no futuro. Por um lado, existem traços na personalidade das pessoas com ortorexia e anorexia que são muito semelhantes como, por exemplo, uma baixa autoestima, maus hábitos e comportamentos, falta de controlo de impulsos, perfeccionismo, controlo excessivo do que o/a rodeia, obsessões. Por outro lado, as dietas altamente rigorosas aumentam as possibilidades de se sofrer de malnutrição, conduzindo a um típico quadro de bulimia com compulsões e vómitos.


O primeiro estudo sobre a ortorexia foi realizado com 400 estudantes no ano de 2004, do qual se concluiu que 28 (6,9%) eram ortoréxicos, sendo mais presente nos homens. Este resultado duplica a os números da anorexia e bulimia em conjunto. Organicamente falando, tudo indica que se deve a alterações bioquímicas nas veias cerebrais produtoras de serotonina (conhecida como 5-HT ou 5-hidrozitriptamina) nas pessoas que sofrem de anorexia, bulimia e ortorexia. Estudos recentes nos quais foram utilizados 5-HT concluíram que existem modificações no transporte e receção de 5-HT nas estruturas límbicas destas pessoas. Tais alterações estão intimamente associadas à ansiedade, às inibições e desinibições comportamentais, e a distorções da imagem corporal.

Tendo em conta o que foi dito anteriormente, é importante que o desporto mude o seu núcleo operacional de dentro para fora, de modo a evitar estas desordens. É importante ter em consideração os falsos ideais estéticos que se criaram no desporto, especialmente a sobrevalorizada importância dada à aparência externa. Desportos e profissões como manequins, concursos de beleza, saltos de trampolim, ginástica artística, ginástica desportiva, dança, patinagem no gelo, fitness e culturismo, são os mais importantes.

Aqueles atletas que padecem de ortorexia tendem a desenvolver as suas próprias regras e metodologias alimentares. Para seguir com rigor estas práticas, estas pessoas fazem uso de uma grande força de vontade, contudo, se perderem o controlo e cederem à tentação dos alimentos proibidos, sentem-se incompetentes, culpados e corrompidos. Este comportamento é semelhante nos doentes que sofrem de anorexia, bulimia nervosa e vigorexia.


Finalmente, enquanto os anoréxicos e bulímicos se preocupam com a quantidade de comida que consomem, e os vigoréxicos pela quantidade de exercício que realizam, os ortorexicos ficam obcecados com a quantidade de comida que consomem. Por tudo isto, é muito claro que à medida que os anos passam a incidência da psiquiatria no desporto é cada vez mais importante e generalizada.

Autor: Guillermo A. Laich De Koller.


 
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