domingo, 15 de junio de 2014

EXERCÍCIO CLÍNICO. UMA NOVA ÁREA PROFISSIONAL


O exercício físico é já há alguns anos reconhecido como um dos meios mais eficazes na promoção da saúde e bem-estar das populações, especialmente nos países mais desenvolvidos onde as doenças não transmissíveis são a principal causa de morte. Todavia, para além do seu papel na prevenção, a actvidade física tem ainda um vasto campo de aplicação, seja como meio terapêutico seja como coadjuvante no tratamento de diferentes patologias.



Nesta última área existe bibliografia em número e robustez que demonstra claramente o efeito insubstituível do exercício na terapia conjunta em numerosas doenças. De resto, o American College of Sports Medicine criou inclusivamente uma área de intervenção – Exercise is Medicine - em que o exercício deve ser encarado pelos médicos como um fármaco e que, por isso deve estar presente em todos os actos clínicos e ser prescrito com o mesmo cuidado e rigor do que o aplicado a qualquer outra intervenção farmacológica.

Ou seja, o exercício passou uma entidade de inegáveis recursos na área da saúde mas, talvez, mais importante, na área da doença e daí a sua designação de EXERCÍCIO CLÍNICO.


O que é uma UNIDADE DE EXERCÍCIO CLÍNICO?

Não é nem uma clínica de fisioterapia, nem uma área de consulta de nutrição ou um ginásio. Esta Unidade pretende ser um local físico em que as diferentes especialidades médicas reencaminham os seus pacientes porque entendem que o exercício prescrito, avaliado, monitorizado e acompanhado pode ser um benefício claro para o paciente. Pretende-se, por isso, que o exercício não seja terapêutico mas sim clínico. Isto é, o exercício não pode ser um fim mas um meio para maximizar os outros tipos de intervenção. Por exemplo, não substitui a fisioterapia após uma ligamentoplastia do cruzado anterior mas intervém na sua fase pós clínica em que o reforço muscular e a funcionalidade específica passa a ser a prioridade. Não substitui o papel do plano alimentar, mas é um meio de diminuição da massa gorda e aumento da massa muscular que deverá acompanhar sempre qualquer plano de perda de peso de um paciente obeso. Não trabalhará na mobilidade do ombro após remoção linfática numa mamoplastia completa, mas actuará como meio de contrariar a fadiga associada ao cancro através do aumento da resistência aeróbia e do tecido muscular esquelético.


Ou seja, deverá ser uma Unidade de complementaridade a todas as outras áreas de intervenção médica.

Carácter INOVADOR E DIFERENCIADOR do modelo tradicional de fitness:
  1. O impacto do exercício na sociedade. Nunca como hoje se falou tanto do exercício como um meio fundamental na melhoria da saúde e da qualidade de vida (Exercise in Health & Wellness) das populações. Todavia continua a ser entendida como uma área menor em meio clínico e hospitalar. De resto, nos curricula da graduação em medicina continua a não existir qualquer disciplina que aborde de forma específica o exercício. Este projecto podia constituir-se como algo INOVADOR E DIFERENCIADOR.
  2. O papel do exercício como meio não farmacológico em diferentes situações clínicas. Na fadiga associada ao cancro, na gestão do peso (perda e aumento de peso), na perda da massa muscular por terapias agressivas (quimio, rádio, etc.), desnutrição ou stress cirúrgico, perda da massa óssea, etc. Ao implementar uma unidade de exercício clínico, seria uma forma de proporcionar aos doentes mais uma ajuda terapêutica importante e decisiva.


Situações clínicas em que o exercício pode ter uma forte componente como coadjuvante terapêutico.

Doença arterial periférica (Circulation, 113: 463-654, 2008)
Diabetes (Progress in Cardiovascular Diseases, 53: 412–418, 2011)
Hipertensão arterial (Progress in Cardiovascular Diseases, 53: 404–411, 2011)
Excesso de peso e obesidade (Amer J Med, 124: 747-755, 2011)
Osteoporose (PM R, 3:562-572, 2011)
Doença oncológica (The Oncologist,16: 112–120, 2011)
Lesões medulares (PM R, 3:S73-S77, 2011)
Insuficiência cardíaca (Eur J Heart Fai, 13: 347–357, 2011)
Ansiedade e depressão (Can Fam Physician , 57: 399-401, 2011)

Situações e populações especiais
Gravidez (J Sci Med Sport.,14(4): 299-305, 2011)
Envelhecimento (Amer J Med, 124: 194-198, 2011)

Autor: José Soares


 
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