Existe realmente a necessidade de alongar? Quando, como e quanto? Dados científicos recentes levantam algumas questões no que diz respeito ao alongamento. É possível que alongar seja mau?
Durante anos ensinaram-nos que alongar é uma parte essencial do aquecimento, de tal modo que o mesmo evitaria lesões e melhoraria de uma forma geral o rendimento. Contudo, estudos recentes põem em causa tais crenças. Então, alongar antes de uma atividade poderá ser prejudicial?
Novos estudos confirmam que alongar piora o rendimento.
A grande maioria da literatura cientifica atual existente acerca desta matéria afirma que os alongamentos estáticos, que são os que habitualmente são feitos nos aquecimentos e que consistem em permanecer na mesma posição durante alguns segundos, poderão ser prejudiciais ao rendimento se foram realizados antes da atividade física.
São extremamente relevantes as conclusões de um artigo publicado no Scandinavian Journal of Medecine & Science in Sports, o qual inclui 104 investigadores que avaliam os efeitos agudos do alongamento estático pré-exercício sobre diferentes parâmetros: força, potência e rendimento muscular explosivo. Os resultados mostram claramente que o alongamento estático antes do exercício tem efeitos agudos significativos e relevantes para a força muscular máxima e rendimento muscular explosivo. Com base nestas evidências, os alongamentos estáticos seriam contraindicados para a maioria das atividades que impliquem rendimento muscular máximo. O porquê não é de todo claro, no entanto, os investigadores concordam que o alongamento relaxa os músculos e tendões, facto este que poderá reduzir a sua capacidade de contrair-se com força.
Está igualmente a ser estudado o efeito do alongamento na prevenção de lesões, sendo que as conclusões incidem na não existência comprovada de que realizar alongamentos antes do exercício reduza o risco de lesão. Nem parece que haja uma relação entre alongamento e a prevenção ou redução da dor muscular que frequentemente é sentida 24-48 horas depois do exercício.
Os alongamentos estáticos não reduzem significativamente a incidência de lesões nem diminuem a dor muscular depois do exercício.
ENTÃO… COMO FAÇO O AQUECIMENTO?
O aconselhável será então, para os diferentes desportos, aquecer o corpo através de movimentos dinâmicos que simulam a atividade que será realizada. Neste caso, os alongamentos dinâmicos, que são os que simulam os movimentos a praticar, são os mais adequados, pois facilita o aquecimento muscular e melhora o rendimento da atividade desportiva posterior. No desenvolvimento de planos de treino, será interessante ter em conta que muitos dos movimentos realizados no Pilates constituem valiosos alongamentos dinâmicos. Isto será algo a ter em conta se o objetivo for inovar e, sobretudo, melhorar.
O aconselhável será aquecer o corpo com movimentos dinâmicos.
Muitos movimentos de Pilates são alongamentos dinâmicos, que são ideais para preparar o corpo antes de uma atividade.
DEVEMOS ENTÃO ELIMINAR OS ALONGAMENTOS ESTÁTICOS DA NOSSA ROTINA DE TREINO?
De modo algum. Não há que desacreditar por completo neste tipo de alongamento. O facto de não serem aconselhados para a fase pré-treino não significa que não sejam extremamente uteis na fase pós-treino, para relaxar os músculos.
Como tal, não deixe de alongar. Faça-o, sim, da forma correta.