viernes, 23 de diciembre de 2016

O Fitness está a sofrer uma disrupção?!?! Vamos com calma amigos...


Provavelmente já ouviu a expressão que "uma maré alta levanta todos os barcos." É, sem dúvida, um clichê ou um tropo que, quando aplicado nos negócios, pode fazê-lo suspirar de alívio. Mas, na verdade, é realmente importante como conceito entender Como e Por que tantas pessoas pensam incorretamente sobre este fenómeno da disrupção.
Vamos começar por admitir algo óbvio para que as pessoas não fiquem loucas nos comentários: a disrupção é real. E está a acontecer. Deixe-me dar-lhe dois exemplos rápidos:
  • Fortuna 500: 88% das empresas de 1955 já não existem. Sim, 1955 foi há muito tempo mas isso mostra como os titãs da fase inicial do Baby Boom não conseguiram acompanhar;
  • S&P 500: há 10 anos, as cinco empresas mais valiosas deste Índice eram a Exxon, GE, Microsoft, Gazprom e CitiGroup. Hoje são a Apple, Alphabet (Google), Amazon, Microsoft e Facebook. Em apenas 10 anos deu-se uma autêntica reviravolta nas empresas mais valiosas à face da Terra, com exceção da Microsoft! Boa, Bill Gates!
Por isso, SIM, a rutura está aqui, é real e está a acontecer em muitas indústrias, mas… a forma como pensamos sobre isto está frequentemente errada.
Deixe-me dar um exemplo da indústria da música. Muitas pessoas acreditam - incluindo muitos gestores executivos desse setor – que o digital iria ferir de morte a indústria, alterando os seus modelos de negócios e, por arrasto, ter que fechar. Isto não é verdade. De 2000 a 2010, principal momento da rutura na indústria musical, a quantidade de música adquirida e o número de eventos de música ao vivo em todo o mundo triplicaram.
Assim, enquanto a indústria musical aumentava os seus marcos e resultados em cerca de 300% ao longo da década, os executivos da música estavam mais do que assustados com o “digital” poder matá-los. Surreal…
A tecnologia, obviamente, liberta algumas das restrições da famosa expressão “tijolo e argamassa” que o setor da música estava confinado, o que significa que agora uma audiência mais vasta pode ser servida, de novas maneiras. Se encontrar um novo artista cool no Spotify, provavelmente ainda vai assistir a um concerto seu, se estiver nas proximidades. É uma mudança gigante na experiência do cliente, mas isso não significa que o "digital" vem matar o "tradicional". Isto significa que trabalham juntos.

Agora, vamos virar a agulha para o fitness e bem-estar.
Alguns líderes do setor do fitness afirmam que nada pode substituir as interações humanas, de modo que os clubes e os instrutores não podem ser ameaçados por esses novos modelos de negócios. Eu tenho que discordar. É verdade que não há substituto para os seres humanos, mas a tecnologia está a permitir que modelos de negócios façam determinadas coisas que os seres humanos, por sua conta, jamais poderiam em grande escala.
Muitas das marcas mais bem-sucedidas misturarão a interação humana com ferramentas tecnológicas para criar níveis ainda mais altos de serviço - e os instrutores podem assistir a centenas de clientes com uma combinação entre o digital e físico.
Portanto, as marcas tipo-“tijolo e argamassa” mais ágeis estão constantemente a avaliar a experiência do cliente e a considerar como o fitness em rede, tecnologia móvel e outras ferramentas digitais podem ser integradas nos seus modelos de negócios enquanto startups e novas marcas puramente digitais irão aparecer. Um dos princípios fundamentais do digital é que o custo de entrada é muito menor. Lembre-se sempre disso.
Agora está a ver tudo isso refletido nos números. Existem cerca de 165 milhões de usuários de centros de fitness em todo o mundo (isto é, centros tradicionais “tijolo e argamassa”) e isso vai para omni-canal (expl: o cliente inicie uma compra no site da empresa, tira dúvidas por telefone e finaliza a compra na receção), de igual modo ao que está a acontecer noutras industrias. Em 2018, deverão existir 135 milhões de usuários wearables. O mercado de aplicativos de bem-estar está a crescer também massivamente – a App Under Armour relata cerca de 1 milhão de novos usuários no seu aplicativo a cada oito dias.
Até 2020, veremos uma comunidade global de bem-estar de mais de 1 bilião, desde os tradicionais clubes de saúde, wearables e aplicações. Cada aspeto do ecossistema vai informar e alimentar os outros. Não é que a App MyFitnessPal ou a nova FitBit venha para "matar" a indústria tradicional do ginásio. Vai ser uma parceria onde cada qual informa o outro.
É onde temos vindo a errar sobre ruturas ou disrupção. A Amazon não matou o comércio tradicional; ajudou-o a mudar. A Uber não extinguiu os táxis, mas fê-los pensar de forma diferente sobre os seus modelos de negócios. Quando vemos a rutura posta nestes termos - "X vem para destruir Y", desenvolvemos medo e pensamentos de curto prazo nos executivos tradicionais – e isso é mau para todos.
A indústria do fitness vai agora viver o seu melhor período - com algumas pessoas a fazer algum dinheiro. Há tecnologias disruptivas remodelando como a indústria pensa e se apresenta, sim, mas, em última instância, essas tecnologias ajudarão a criar um enorme ecossistema global enraizado numa abordagem de omni-canal.


Bryan O'Rourke

  • Especialista da IHRSA
  • CSO & Principal da Fitness Marketing Systems e Fitmarc
  • CEO e Fundador da Integerus Advisors LCC
  • Presidente da Fitness Industry Technology Council
 
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