
Provavelmente já ouviu a expressão que "uma maré alta levanta todos os barcos." É, sem dúvida, um clichê ou um tropo que, quando aplicado nos negócios, pode fazê-lo suspirar de alívio. Mas, na verdade, é realmente importante como conceito entender Como e Por que tantas pessoas pensam incorretamente sobre este fenómeno da disrupção.
Vamos começar por admitir algo óbvio para que as pessoas não fiquem loucas nos comentários: a disrupção é real. E está a acontecer. Deixe-me dar-lhe dois exemplos rápidos:
- Fortuna 500: 88% das empresas de 1955 já não existem. Sim, 1955 foi há muito tempo mas isso mostra como os titãs da fase inicial do Baby Boom não conseguiram acompanhar;
- S&P 500: há 10 anos, as cinco empresas mais valiosas deste Índice eram a Exxon, GE, Microsoft, Gazprom e CitiGroup. Hoje são a Apple, Alphabet (Google), Amazon, Microsoft e Facebook. Em apenas 10 anos deu-se uma autêntica reviravolta nas empresas mais valiosas à face da Terra, com exceção da Microsoft! Boa, Bill Gates!
Por isso, SIM, a rutura está aqui, é real e está a acontecer em muitas indústrias, mas… a forma como pensamos sobre isto está frequentemente errada.
Deixe-me dar um exemplo da indústria da música. Muitas pessoas acreditam - incluindo muitos gestores executivos desse setor – que o digital iria ferir de morte a indústria, alterando os seus modelos de negócios e, por arrasto, ter que fechar. Isto não é verdade. De 2000 a 2010, principal momento da rutura na indústria musical, a quantidade de música adquirida e o número de eventos de música ao vivo em todo o mundo triplicaram.
Assim, enquanto a indústria musical aumentava os seus marcos e resultados em cerca de 300% ao longo da década, os executivos da música estavam mais do que assustados com o “digital” poder matá-los. Surreal…
A tecnologia, obviamente, liberta algumas das restrições da famosa expressão “tijolo e argamassa” que o setor da música estava confinado, o que significa que agora uma audiência mais vasta pode ser servida, de novas maneiras. Se encontrar um novo artista cool no Spotify, provavelmente ainda vai assistir a um concerto seu, se estiver nas proximidades. É uma mudança gigante na experiência do cliente, mas isso não significa que o "digital" vem matar o "tradicional". Isto significa que trabalham juntos.
Agora, vamos virar a agulha para o fitness e bem-estar.
Alguns líderes do setor do fitness afirmam que nada pode substituir as interações humanas, de modo que os clubes e os instrutores não podem ser ameaçados por esses novos modelos de negócios. Eu tenho que discordar. É verdade que não há substituto para os seres humanos, mas a tecnologia está a permitir que modelos de negócios façam determinadas coisas que os seres humanos, por sua conta, jamais poderiam em grande escala.
Alguns líderes do setor do fitness afirmam que nada pode substituir as interações humanas, de modo que os clubes e os instrutores não podem ser ameaçados por esses novos modelos de negócios. Eu tenho que discordar. É verdade que não há substituto para os seres humanos, mas a tecnologia está a permitir que modelos de negócios façam determinadas coisas que os seres humanos, por sua conta, jamais poderiam em grande escala.
Muitas das marcas mais bem-sucedidas misturarão a interação humana com ferramentas tecnológicas para criar níveis ainda mais altos de serviço - e os instrutores podem assistir a centenas de clientes com uma combinação entre o digital e físico.
Portanto, as marcas tipo-“tijolo e argamassa” mais ágeis estão constantemente a avaliar a experiência do cliente e a considerar como o fitness em rede, tecnologia móvel e outras ferramentas digitais podem ser integradas nos seus modelos de negócios enquanto startups e novas marcas puramente digitais irão aparecer. Um dos princípios fundamentais do digital é que o custo de entrada é muito menor. Lembre-se sempre disso.
Agora está a ver tudo isso refletido nos números. Existem cerca de 165 milhões de usuários de centros de fitness em todo o mundo (isto é, centros tradicionais “tijolo e argamassa”) e isso vai para omni-canal (expl: o cliente inicie uma compra no site da empresa, tira dúvidas por telefone e finaliza a compra na receção), de igual modo ao que está a acontecer noutras industrias. Em 2018, deverão existir 135 milhões de usuários wearables. O mercado de aplicativos de bem-estar está a crescer também massivamente – a App Under Armour relata cerca de 1 milhão de novos usuários no seu aplicativo a cada oito dias.
Até 2020, veremos uma comunidade global de bem-estar de mais de 1 bilião, desde os tradicionais clubes de saúde, wearables e aplicações. Cada aspeto do ecossistema vai informar e alimentar os outros. Não é que a App MyFitnessPal ou a nova FitBit venha para "matar" a indústria tradicional do ginásio. Vai ser uma parceria onde cada qual informa o outro.
É onde temos vindo a errar sobre ruturas ou disrupção. A Amazon não matou o comércio tradicional; ajudou-o a mudar. A Uber não extinguiu os táxis, mas fê-los pensar de forma diferente sobre os seus modelos de negócios. Quando vemos a rutura posta nestes termos - "X vem para destruir Y", desenvolvemos medo e pensamentos de curto prazo nos executivos tradicionais – e isso é mau para todos.
A indústria do fitness vai agora viver o seu melhor período - com algumas pessoas a fazer algum dinheiro. Há tecnologias disruptivas remodelando como a indústria pensa e se apresenta, sim, mas, em última instância, essas tecnologias ajudarão a criar um enorme ecossistema global enraizado numa abordagem de omni-canal.